terça-feira, 16 de outubro de 2007

A supremacia dos mais altos, Macau virtual

Basquetebol em demonstração nos Jogos Asiáticos em Recinto Coberto

A supremacia dos mais altos

É uma modalidade onde tudo tem limites a não ser a altura dos jogadores. Directamente das ruas até aos pavilhões desportivos, o basquetebol de três contra três conquistou o reconhecimento internacional. Prova disso foi a introdução por parte da FIBA da variante do jogo da bola no cesto como desporto de demonstração nos 2.os Jogos Asiáticos em Recinto Coberto de Macau (JARC), que têm início na próxima semana.
Joga-se apenas numa das metades do campo, só existe um cesto e os atletas têm que ter menos de 17 anos, enquanto o treinador não pode ultrapassar as 35 primaveras. Foi necessário revistar todas as escolas do território para garantir a participação de uma selecção local no evento desportivo. A Associação de Basquetebol de Macau (ABM) só pôde respirar de alívio há dois meses, quando finalmente conseguiu reunir um número aceitável de jogadores.

É a primeira vez que Macau participa com uma equipa de três contra três e vamos dar o nosso melhor. Não é uma questão de ganhar ou perder, isso não tem importância

Actualmente, existem 20 jovens basquetebolistas em exercício. O programa de treinos estabelecido dita que três vezes por semana, durante duas horas, devem praticar-se os dribles e os ressaltos e afinar a pontaria. Das duas dezenas, serão seleccionados os 12 melhores para defenderem as cores da bandeira da RAEM nos JARC.
As expectativas do técnico principal, Zeng Zhaozhong, relativamente ao pódio são comparáveis à altura dos jogadores: baixas. “O único objectivo traçado para o evento desportivo é que os atletas melhorem o seu desempenho e rendimento em campo e isso é mais importante do que ganhar”, vincou o mesmo responsável.
Esta posição é partilhada pelo presidente da ABM, Pau Ma Chong. “É a primeira vez que Macau participa com uma equipa de três contra três e vamos dar o nosso melhor. Não é uma questão de ganhar ou perder, isso não tem importância”, sublinhou.
Nem os cinco anos a treinar cestos que Denis Yip e Sou Pak Lam, dois jogadores da selecção do território, passaram são suficientes para sonhar com vitórias e medalhas. Os jovens já se sentem campeões só pelo facto de terem sido seleccionados. “Agora, o que interessa é progredir e aprender com esta participação”, apontou Denis, enquanto o colega quer “vencer pelo menos uma equipa adversária”.
Progressos é tudo o que o treinador proveniente da China quer ver a partir do dia 26 deste mês. “Os atletas estão muito empenhados e eu acredito que as minhas expectativas se vão concretizar”, acrescentou.
Cauteloso, Zeng Zhaozhong conhece bem o basquetebol que se pratica nos países asiáticos que Macau vai defrontar. Por isso, prefere não arriscar prognósticos. O top das formações mais fortes é ocupado pela China, Coreia e Japão, respectivamente.
Na variante que coloca três jogadores contra três, o espaço é mais reduzido, o cesto está mais perto e a probabilidade de acertar é maior. Os jogadores estão mais em contacto e a constituição física pode ser decisiva na hora do ataque.
A estatura dos atletas da RAEM constitui uma das principais desvantagens da selecção local, defendeu o técnico chinês. “Nesta variante, a altura é muito importante”, apontou.
Perto do gigante Yao Ming, o basquetebolista chinês com 2,29 metros, os jovens da RAEM têm que esticar bem o pescoço. O jogador local mais alto mede 1,81 metros, enquanto a altura média de toda a formação é de 1,77 metros.
Outra dificuldade apontada à equipa de Macau é a defesa e os ressaltos. Algo que, segundo o treinador, também é consequência da baixa estatura dos atletas. Para suplantar o que Zeng Zhaozhong considera serem as “fraquezas” da selecção, a preparação dos jovens está concentrada nas relações durante o jogo e nas marcações dos três pontos.
“Como é mais difícil pontuar debaixo do cesto, o nosso objectivo é lutar para expandir o jogo, para tentar encestar de longe. Além disso, é muito importante que os praticantes se conheçam bem em campo, porque assim exigem as características desta variante do basquetebol”, acrescentou.
As partidas que opõem grupos de três basquetebolistas em apenas meio campo são também conhecidas como “streetball” ou basquetebol de rua, numa referência à origem da modalidade que, originariamente, era praticada entre amigos nos bairros residenciais. A ligação à cultura urbana é o elemento que faz esta actividade desportiva ser tão popular entre as camadas mais jovens. De tal modo que o basquetebol de três contra três foi recomendado para ser inserido nos Jogos Olímpicos da Juventude, que terão lugar em 2010. Cada equipa só pode ter no máximo quatro jogadores, sendo que um desempenha a função de suplente.
No domingo, a ABM promoveu um torneio-teste para observar a prestação da selecção da RAEM. Os jovens tiveram oportunidade de competir a sério contra adversários superiores em idade, altura e experiência, não se saindo nada mal. A equipa que carregava o nome Macau nas costas ficou em segundo lugar, só perdendo contra os seniores.
O evento que teve lugar no Pavilhão Desportivo do Instituto Politécnico teve, porém, outra equipa em exercício: a técnica. “À parte da selecção, todo o trabalho técnico das competições de basquetebol nos JARC é nosso”, explicou Pou Ma Chong. São cerca de 80 pessoas que têm a missão de cronometrar as partidas e tomar conta das fichas técnicas, entre uma miríade de outras funções.
Atletas, técnicos e a própria associação têm um papel de charneira para o futuro do “streetball” no território. “Macau é uma região com uma dimensão reduzida e esta modalidade é ideal, porque basta ter um cesto e joga-se em qualquer sítio”.
O basquetebol de rua é praticado normalmente em recintos ao ar livre e existe ainda nas variações de um contra um e dois contra dois. Em vez de terem um rumo para chegar ao cesto o mais depressa possível, os jogadores usam “freestyles” com as mãos, os chamados “moves”, tornando o jogo mais interessante do ponto de vista técnico e menos competitivo. Os amantes desta modalidade preocupam-se principalmente em fazer mais “moves” do que cestos e preferem o jogo mais bonito do que disputado.
Alexandra Lages
Fotografia: António Falcão/ bloomland.cn



Empresa de conteúdos virtuais aposta forte na RAEM

Macau global

São 500 milhões os potenciais visitantes que estão a menos de três horas de avião de Macau. A equipa da Macau.com pensa neles todos os dias. Mas não é só na rede que a empresa quer ser pioneira e forte. A enorme ambição que a orienta vai levá-la aos telemóveis, onde em breve vai oferecer serviços semelhantes aos que existem no portal: venda de bilhetes de avião, “jet foil” ou de espectáculos, quartos de hotéis e informação resumida sobre acontecimentos, restaurantes ou entretenimento.
Um bom exemplo desse serviço? Até ao fim de Outubro, vinte bilhetes gratuitos para o concerto de Beyoncé no Venetian, para os primeiros que se registarem em linha. Outro exemplo? A equipa garante que actualiza a informação dos espectáculos em Macau cada três dias.
Para além de pensar nos potenciais clientes, todos os dias a empresa pensa em formas de atrair mais curiosos ao seu portal: “Nós oferecemos os preços mais baixos possíveis com a maior transparência”, garantiu a presidente da empresa, Christina Siaw, que é de Singapura mas que há 17 anos não vive na sua cidade-estado, porque tem estado ocupada com “dot com´s” e com o potencial comercial do mundo virtual.
Depois de meia volta ao mundo estabeleceu-se em Macau para dirigir a “dot.com” mais completa do território. E está maravilhada com o que vê: “É incrível o potencial de Macau, não existe outra cidade com esta concentração de quartos de hotel, de lugares nas salas de espectáculo e de casinos. São quase 20 mil quartos de hotel num local tão pequeno, com uns 30 mil lugares em teatros e locais públicos para espectáculos. Onde mais há disto?”.
Argumentos que lhe servem de garantia ser este um negócio destinado ao sucesso. “Mas há que trabalhar muito, apesar de ser uma oportunidade única para quem está na área do marketing”.
O fenómeno das “dot com´s” não é novo, mas em Macau apenas começou a ganhar forma nos últimos anos. O portal actual surge quando a empresa, que nasceu como GoMacau, comprou o domínio Macau.com a um particular por um preço não especificado. Christina sorri quando lhe perguntamos por quanto. Certamente o vendedor ficou rico.
A GoMacau foi lançada há precisamente um ano, a Macau.com há uns três meses e é, agora, a fusão dos dois portais.

É incrível o potencial de Macau, não existe outra cidade com esta concentração de quartos de hotel, de lugares nas salas de espectáculo e de casinos.
Trinta pessoas trabalham das 9 da manhã às seis da tarde numa sala grande, num edifício bem central, em Macau, na maior das informalidades. A presidente recebe-nos de pólo e calças de ganga e não tem gabinete. Trabalha numa mesa com um computador num dos cantos da sala rectangular. Os restantes membros da equipa estão espalhados em outras tantas mesas com o mesmo tipo de equipamento.
A língua de trabalho é o inglês, “a única forma de nos compreendermos uns aos outros, já que temos americanos, australianos, ingleses, chineses, macaenses ou malaios a trabalhar aqui”, explica a responsável. O portal funciona em seis línguas: português, inglês, coreano, japonês, chinês e chinês simplificado.
Não há nenhum português a trabalhar aqui? “Não, o portal é alimentado por colaboradores externos que escrevem os textos”. “A nossa equipa ainda está a ser criada, afirma Christina Siaw, embora seja difícil encontrar pessoal em Macau. Sessenta por cento dos nossos trabalhadores são estrangeiros, não encontramos locais capazes de preencher vagas”, acrescenta.
Até agora, as línguas mais “clicadas” no portal são o chinês e o inglês. “Os portugueses não usam muito o portal, usam-no mais os visitantes, que não os portugueses. São muitos os da grande China”. Para dinamizar o sítio e atrair mais clientes, a Macau.com vai iniciar uma abordagem mais “agressiva” aos mercados da Coreia e do Japão através de parcerias com os motores de busca como a Google, acções de relações públicas, compra de listas de correios electrónicos e realização de eventos promocionais.
A Macau.com, detida em parte pela MKW Capital Management, por sua vez accionista da Viva Macau, aposta também nas promoções para chamar a atenção e quando diz que os seus preços são os mais baratos possíveis, justifica-os com os acordos que assina com os fornecedores: “Os nossos preços acabam por ser sempre mais baratos, porque estamos na Internet”. “Não há intermediários, não gastamos dinheiro com funcionários que fazem as reservas e vendem o produto de forma física. Para além disso, quando compramos muitos bilhetes de uma só vez, ou adquirimos quartos de hotéis em grande número, o preço original baixa, e aí entramos em cena”.
Christina Siaw acrescenta: “Ao utilizarmos plataformas digitais podemos fazer sete ou oito vezes mais negócio do que uma empresa clássica, com o seu espaço físico e empregados que atendem o público directamente”.
A presidente não esconde a sua ambição: “Como queremos uma boa posição no mercado, todos os meses queremos ter promoções para atrair clientes. Para isso, juntamo-nos aos nossos parceiros e delineamos as ofertas”.
Este mês, recordou Christina, já foram oferecidos 20 bilhetes para os jogos da NBA. Até ao final do mês, para além de Beyoncé, vão ser oferecidas entradas para o Grande Prémio de Macau e para o embate entre os tenistas Roger Federer e Pete Sampras.
A Macau.com concorre com os fornecedores primários, produtores destes espectáculos e eventos, mas Christina não os teme: “Nem sequer cobramos mais do que eles, que vendem em primeira mão”. Uma relação complexa, já que a empresa alia-se com esses mesmos fornecedores quando prepara promoções para oferecer, por exemplo, bilhetes. “Macau vai ser a cidade mais visitada da região, há muita gente”, recorda Christina, como quem diz “há espaço para todos”.
“Vá ao nosso portal e veja”, lançou-nos, na hora da despedida. Fomos, e vimos que uma noite de promoção no Wynn, pela Macau.com, pode custar no mínimo 1826 dólares de Hong Kong e no Westin custa 1370 dólares de Hong Kong.
Não conseguimos reserva para o Wynn, mas através do portal a noite no Westin sairia umas 30 patacas mais barata do que se fosse reservada no sítio oficial do resort de Coloane.
Se é dos que não se deixa vencer por 30 patacas, talvez o portal o tente para a compra de bilhetes de “jet foil” e assim fugir às filas cada vez mais assustadoras do terminal marítimo do Porto Exterior. No portal, compra o bilhete, imprime um “voucher” e quando chegar ao terminal levanta o bilhete e embarca. Se lhe interessar, a Macau.com também oferece algumas promoções para hotéis em Hong Kong.
Joyce Pina
Fotografia: macau.com



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