quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Barbatanas na Taipa, Estudar mandarim e cantonês em Macau

Equipa de Macau na luta por um lugar próprio na piscina

Barbatanas acabadas de estrear

Nove adolescentes fazem exercícios de aquecimento no átrio do edifício da Piscina Olímpica da Taipa. É o segundo dia de preparação para os 2.os Jogos Asiáticos em Recinto Coberto (JARC), que começam no dia 26 deste mês, e o treinador traz uma novidade – barbatanas novinhas em folha e com as medidas adaptadas para competição. “Foram compradas por mim na China”, contou ao Tai Chung Pou o técnico principal da selecção de Macau da modalidade de natação com barbatana, Anthony Soleyn Cochrane.
São de cor preta e bastante pesados os equipamentos que vão unir os pés dos nadadores dentro da piscina. “Têm cerca de cinco quilos e custam cinco mil patacas cada uma do outro lado da fronteira”, acrescentou o treinador.
Na natação com barbatana, os atletas não movimentam os membros superiores e inferiores, usando apenas a força muscular. Os braços cortam a água sempre esticados e unidos e o mesmo acontece com os pés, que são calçados numa mono-barbatana.
A técnica parece ter sido roubada às sereias. Os corpos dos praticantes ondulam a uma velocidade espantosa. A cabeça fica dentro de água e os atletas respiram por um tubo. Ao chegar ao fim do percurso, a barbatana embate nas paredes da piscina quebrando em baques o silêncio da instalação desportiva.
A notícia da participação nos JARC chegou há pouco mais de duas semanas. Assim que foi informado pelo Comité Olímpico da RAEM, Anthony Cochrane pôs logo mãos à obra. Afinal, esta é uma oportunidade única para promover a disciplina e atrair mais adeptos.
Não se pense, contudo, que o responsável do Clube Subaquático de Macau (CSM) foi apanhado desprevenido. “Quando, no ano passado, se soube que a natação com barbatana tinha sido incluída na segunda edição dos JARC, comecei logo a levar os nadadores todos os fins-de-semana para a piscina de Zhuhai”, contou.
“Temos muita sorte em ter a oportunidade de participar no evento desportivo, porque, de outra forma, não conseguiríamos arranjar instalações para treinar”, acrescentou uma das treinadoras, Viena Ng. A maioria dos jovens da formação que vai defender as cores da bandeira da RAEM já salta para a água de barbatanas calçadas há dois anos. Dada a indisponibilidade de infra-estruturas desportivas, o CSM foi obrigado a recorrer às piscinas dos hotéis Hyatt e Mandarin Oriental, ou até às águas das praias de Coloane.
Na natação tradicional, o grupo de seis rapazes e três raparigas com idades compreendidas entre os 13 e 17 anos já percorreu muitas piscinas. Na disciplina em que está em causa a competição, a história é outra.
“Estes jovens têm pouca experiência e é a primeira vez que participam num evento desta natureza”, frisou Anthony. Os primeiros mergulhos não são nada fáceis. Além das barbatanas, os praticantes devem usar um tubo de respiração. É preciso aprender a técnica para expulsar a água do tubo e puxar oxigénio. O efeito é igual ao repuxo das baleias.
Para facilitar o processo de adaptação ao equipamento, os atletas começam por utilizar barbatanas separadas, parecidas com aquelas usadas no mergulho desportivo. Os pés devem ser protegidos com meias e só entram nos “sapatos aquáticos” à custa de muito sabão.
Relativamente aos movimentos corporais, são semelhantes ao estilo mariposa. A partir do momento em que se domina a técnica, mais do que nadadores, os praticantes sentem-se autênticos peixes. “Ou sereias, no caso das raparigas”, afirma entre sorrisos Viena Ng.
Lam Chon U e Wong Kaiat são dois atletas que vão disputar as provas em masculinos. Ambos com 16 anos de idade, só descobriram a natação com barbatana há um ano. Quando descrevem a disciplina, transpiram entusiasmo. “É muito rápido! Mesmo que sejam distâncias curtas, sentimos que nadámos muito mais”, exclamaram.
O sonho de Lam é “nadar até à final”, mas o colega de equipa é mais cauteloso. “Não quero ficar entre os últimos lugares. Vou dar tudo por tudo para acabar a competição com a máxima perfeição possível”, prometeu.
As atletas já trouxeram algumas medalhas para o território. Num torneio que teve lugar em Hong Kong, em Novembro do ano passado, duas nadadoras subiram ao primeiro e terceiro lugares do pódio.
Mesmo assim, nas palavras do treinador principal, a formação ainda está um pouco verde, mas existem grandes probabilidades de progressão. “Acredito que dentro de três anos conseguimos atingir um nível competitivo mais elevado e tenho muita confiança que vamos dar nas vistas nos próximos JARC, em 2009, no Vietname”, sustentou.
Para o evento desportivo que está a ser organizado em Macau e começa dentro de pouco mais de duas semanas, Anthony destaca que o mais importante é a participação e entrar no mundo competitivo com o pé direito. “Começámos muito tarde relativamente às outras selecções e não temos tempo suficiente para treinar”, referiu.
Desde o início do mês, a equipa local começou a desenvolver um programa de preparação na Piscina Olímpica da Taipa, durante cinco dias por semana. “Optámos para dar aos atletas dois dias de descanso. Em primeiro lugar, tivemos em conta que são estudantes e depois os músculos precisam de relaxar. Além disso, o esforço físico que se exige é diferente da natação normal, os praticantes devem ter os músculos das costas e na parte inferior das pernas bastante desenvolvidos”, explicou Viena Ng.
Nos JARC, os nadadores locais vão disputar provas numa piscina de 50 metros. Com as barbatanas calçadas, os atletas completam um percurso de 15 metros em 16 segundos.
Entretanto, os tubarões e sereias de Macau vão estar todos os dias no átrio da Piscina Olímpica da Taipa, a adiantar os exercícios de aquecimento. Energia não lhes falta, pois mal podem esperar para estrear as barbatanas ao som do apito dos juízes.
Alexandra Lages
Fotografia: António Falcão/ bloomland.cn



Aulas de cantonês e mandarim em Macau

De tom em tom se aprende a falar

“Ni hao” ou “Nei hou” (Olá!) são das primeiras palavras que se aprendem em mandarim e em cantonês. A língua e o dialecto são semelhantes, variando essencialmente no número de tons, quatro no mandarim (que tem ainda um tom neutro), nove no cantonês, e no número de utilizadores. A língua chinesa é a mais usada em todo o mundo; no caso do cantonês tem mais de 70 milhões de falantes.
Sara Silva, portuguesa, está em Macau há pouco mais de um mês, vinda de Tianjin, perto de Pequim, e domina o mandarim, mas na RAEM deparou-se com o cantonês, constatando que “normalmente é difícil comunicar em mandarim com os mais velhos, mas os jovens quase todos sabem falar porque aprendem na escola, na universidade ou com amigos da China”.
Porque em Macau saber falar mandarim não é garantia de se ser entendido, tem intenção de aprender a língua local. “É muito claro para mim que qualquer variante linguística é importante para o povo que a fala e, como tal, sinto que o facto de me esforçar por falar cantonês é reconhecido e apreciado pelos residentes”, remata. Na escrita, diz, as diferenças são bem mais reduzidas.
Tanto Sara Silva como outros interessados em aprender cantonês ou mandarim encontrarão algumas ofertas na cidade. Existem, pelo menos, seis instituições que leccionam habitualmente cursos para falantes de língua materna não chinesa. O Centro de Difusão de Línguas, o Jingdou Language Center, o Instituto Politécnico de Macau, o Instituto Inter-Universitário de Macau, o Instituto Internacional e a Universidade de Macau são alguns dos locais onde se pode aprender a comunicar em chinês. As ofertas variam, inclusive, no que diz respeito aos preços, que vão desde as 100 às 4800 patacas.
Para David Silva, português a residir em Macau há cerca de dois anos, sempre “pareceu natural que, estando numa terra estrangeira, aprendesse a língua local.” Foi isso que o motivou a inscrever-se num curso de cantonês promovido pelo Centro de Difusão de Línguas (CDL) da Direcção dos Serviços de Educação e Juventude.
Todos os anos, esta estrutura governamental organiza vários cursos e actividades relacionadas com ambas as línguas, e também com o português, para graúdos e miúdos, nível avançado ou mais elementar. Neste momento, decorrem as aulas de cantonês para adultos na Escola Secundária Luso-Chinesa Luís Gonzaga Gomes.
David Silva frequenta, este ano, o nível intermédio, às segundas e sextas-feiras, e mostra-se satisfeito por ter começado a aprender. O curso “deu-me uma compreensão mais alargada da gramática da língua e estendeu o meu vocabulário”, considerando por isso uma grande vantagem. No entanto, os benefícios não ficam por aqui. “Outras vantagens importantes são, por exemplo, proporcionar da oportunidade de contacto regular com a língua, existir um professor que tira as dúvidas que possa ter e, é claro, a avaliação que, implicitamente, empurra para o estudo”, conclui.
No acto de inscrição, feita no 3º andar do número 31, na Rua Formosa, transversal à Rua do Campo, pagou 250 patacas pelo primeiro módulo, sendo que cada nível tem dois módulos, num total de 60 horas. O CDL proporciona também outras actividades, com uma duração mais curta, como por exemplo o Cantinho do Cantonês, a decorrer até início de Dezembro, destinado a interessados com mais de 15 anos.
O Cantinho abre portas apenas às segundas-feiras (excepto feriados), das 18h30 às 20h, num total de 20 horas lectivas. Se o objectivo é dar um passo em frente e iniciar-se apenas na caligrafia chinesa, aprender a utilizar correctamente o pincel e desenvolver com a maior precisão possível os 64 traços básicos para desenhar os caracteres, aqui também encontra mestres que o guiarão nesta arte milenar.

Existem, pelo menos, seis instituições que leccionam habitualmente cursos para falantes de língua materna não chinesa. As ofertas variam, inclusive, no que diz respeito aos preços, que vão desde as 100 às 4800 patacas.
Com a chegada de cada vez mais forasteiros ao território, o Jingdou Language Center, cuja actividade principal é o ensino de inglês há mais de 15 anos, aplica-se também à instrução do chinês, desde 2005, para “ajudar os estrangeiros a obter ferramentas básicas para poderem integrar-se na sociedade local”, explica a responsável de marketing, Dayenne Sipaco. Situado na Rua do Almirante Costa Cabral, o centro usa o inglês para ministrar cursos de iniciação ao cantonês e mandarim, com a propina a rondar as 1.200 patacas. Após 24 horas de aulas durante dois meses, de certificado na mão, as palavras que o aluno ouve na rua irão parecer mais familiares.
No Centro de Formação Contínua e de Projectos Especiais (CFCPE), do Instituto Politécnico de Macau, Luís Lam presta esclarecimentos em português quanto ao curso de mandarim para principiantes estrangeiros. No entanto, avisa que “é preciso ter conhecimentos básicos da língua”, dado ser leccionado, na íntegra, em mandarim, e “assistir a 85 por cento das aulas para obter o certificado final”.
As inscrições estão abertas e mal se agrupem vinte e cinco pessoas, dá-se início às lições. Durante 180 horas, e por um montante global de 4800 patacas, é possível ouvir, falar, ler e escrever mandarim, em horário pós-laboral (18h30-21h30). O local escolhido é o edifício do CEM, na estrada D. Maria II. Não é fácil encontrar a informação destes cursos em Português ou Inglês no site do Instituto Politécnico de Macau, por isso, o melhor é contactar directamente a instituição, mais propriamente o CFCPE. Há também a possibilidade de ministrarem cantonês ou japonês mas, assim como a maioria dos programas cumpridos noutras escolas, iniciam os cursos apenas quando reúnem o número mínimo de inscritos, estando sempre abertos a receber pré-inscrições.
Chama-se Programa de Mandarim, arrancou pela primeira vez em Setembro do ano passado, e é bastante abrangente no que diz respeito às inscrições. Jean Lok, do Centro de Língua e Desenvolvimento Profissional do Instituto Inter-Universitário, no NAPE, frisa que o curso, “além de aprendizagem, é antes de mais uma boa experiência” destinada a “quem tiver idade superior a quinze anos”. Desde que percebam inglês, as portas abrem-se a um novo universo linguístico, do nível elementar ao avançado. O curso realiza-se em três períodos que classificam de Primavera, Verão e Outono. Também a caligrafia chinesa e as festas tradicionais importantes têm o seu lugar nesta disciplina. Actualmente, estão a decorrer cursos de diversos níveis e os seguintes arrancarão em Janeiro do próximo ano.
Para as vinte e três sessões dos níveis I, II e intermédio, num total de 45 horas, o aluno paga 3090 patacas, incluindo materiais de apoio e outras despesas, e frequenta as classes duas vezes por semana, das 19h às 21, havendo também a possibilidade de um horário diurno, entre as 13h e as 15h.
No Instituto Internacional de Macau, também no NAPE, os próximos cursos estão prestes a começar. O nível I abre as portas a partir do dia 16 de Outubro, às terças e quintas, das 18h30 às 20h, prolongando-se até Fevereiro. Também o segundo nível do curso de mandarim terá início neste mês, com a data limite de recepção de inscrições até ao dia 24, e terminará em Fevereiro. Xialing Ren Duncan, com mais de 20 anos de experiência no ensino desta língua, orienta as aulas de hora e meia que acontecem todos os sábados a partir das 11 horas. O primeiro nível do programa, 48 horas, fica por 2400 patacas e o segundo, 21 horas, custa ao aluno 2100 patacas. A língua de ensino é o inglês.
Também no Centro de Educação Contínua da Universidade de Macau (CCE, sigla em inglês) estão prestes a iniciar cursos de mandarim, nível elementar e avançado, a partir do dia 13. Assim como acontece no Instituto Internacional, as aulas elementares realizam-se durante a semana, terças e quintas, e as aulas avançadas ao sábado. O valor da propina varia entre as 2000 e as 2500 patacas, dependendo do nível. Durante 30 horas, aprendem-se as estruturas das frases, falar, ler e escrever, tendo como base a escrita romanizada do chinês (pinyin), conteúdos semelhantes, aliás, nos vários cursos das instituições já mencionadas. O CCE frisa que os manuais e os CD não estão incluídos no preço da propina. Também o cantonês é ensinado na ilha da Taipa, estando prevista a abertura do curso em Novembro, e, na mesma altura, irão divulgar os horários e informação associada.
Para quem não quiser sair de casa, há soluções na internet. No site www.fsi-language-courses.com existem lições virtuais, gratuitas, com fornecimento de manuais e de conversas áudio para treinar o ouvido.

Centro de Difusão de Línguas – 28400615
Jingdou Language Center – 28525149
Instituto Politécnico de Macau – 28317485
Instituto Inter-Universitário de Macau – 7964420
Instituto Internacional – 28751727
Universidade de Macau – 3974545
Sandra Gomes
Fotografia: António Falcão/ bloomland.cn

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