terça-feira, 23 de outubro de 2007

Hoop takraw à procura de fãs

Selecção de hoop takraw quer conquistar fãs em Macau

O voo das bolas de bambu

A equipa que acertar mais vezes a bola no cesto é a vencedora, mas não estamos a falar de basquetebol. Até se poderia considerar uma espécie de futebol não fossem os movimentos dos atletas, inspirados nas artes marciais. O hoop takraw é uma modalidade desportiva asiática com uma história que ultrapassa os cinco séculos. Sob a tutela da Federação Internacional de Sepak Takraw, esta actividade vai estar em disputa nos 2.os Jogos Asiáticos em Recinto Coberto (JARC), que começam em Macau já na próxima sexta-feira.
À distância de poucos dias para o arranque do evento desportivo, os objectivos traçados pela selecção da RAEM são pouco ambiciosos quanto às medalhas, com todo o seu empenho centrado em vencer a batalha pelo apoio e interesse dos residentes. Como ajuda, os atletas do território podem contar com um treinador proveniente da terra mãe do hoop takraw – Tailândia.
Derivado do sepak takraw, a modalidade, denominada também de basquetebol tailandês, joga-se entre equipas de cinco jogadores que têm trinta minutos para acertar uma bola - fabricada tradicionalmente com um tipo de bambu - numa rede com três aberturas triangulares, suspensa seis metros acima das cabeças dos atletas. Os praticantes podem usar oito partes diferentes do corpo, incluindo a cabeça e os joelhos, sendo que existe uma cota de golos, ou seja, é permitido marcar três golos com o pé e por aí adiante.
As equipas competem uma de cada vez e não se defrontam no mesmo campo. Os jogadores vão passando a bola entre si até que esta entra na rede. Depois, o cesto é descido para que recuperem o esférico e prossigam a partida. É proibido deixar cair a bola.
A Associação Geral de Sepak Takraw de Macau (AGSTM) nasceu há dois anos com o intuito de promover o sepak takraw, um desporto com características próprias, que inspiraram o futvólei, uma modalidade muito popular em países ocidentais, como o Brasil. Quando os responsáveis do grupo associativo souberam que os JARC iriam incluir o basquetebol tailandês, houve uma mudança de planos e criaram duas equipas, ambas compostas por cinco jogadores titulares e um suplente.
Formada em 2005 por um grupo de motoristas, estudantes universitários e professores, a selecção da RAEM em masculinos estreou-se, no ano passado, no torneio da Taça do Rei do Campeonato Mundial de Sepaktakraw. Sem a orientação de um técnico profissional, os atletas locais não conseguiram fazer mais dos que três cestos durante os 30 minutos de jogo. Só para se ter uma ideia, a média da adversária tailandesa foi de cerca de 90.
Os novatos, porém, tiveram a sorte de estabelecer contactos com a associação congénere da Tailândia que lhes arranjou um treinador de hoop takraw, de seu nome Bancha Pumpuang. O responsável está desde Abril deste ano radicado no território dedicando-se exclusivamente à formação local. Uma das primeiras revoluções implementadas pelo novo seleccionador foi a intensificação do calendário de treinos. Agora, passaram a despender duas horas em exercícios durante seis dias da semana, tal e qual como os profissionais.
Desde logo, as melhorias começaram a ser visíveis. Na segunda participação na Taça do Rei, em Junho passado, os homens da RAEM realizaram 14 cestos. Mesmo assim, ainda há um longo caminho a percorrer para alcançarem os campeões tailandeses, que aumentaram o recorde para 96 cestos.
Lam Kam Hung é um dos jogadores do território e confessa que não é fácil haver amor à primeira vista com esta modalidade, chegando mesmo a ser um pouco aborrecido no início. Além disso, encestar a bola não basta para alcançar uma vitória.
“O hoop takraw requer que os jogadores sejam muito cooperativos e que se compreendam uns aos outros. A partir daí, torna-se divertido”, garantiu o também secretário da associação.
Em Março, foi constituída uma equipa em femininos que também vai participar nos JARC. On Kei é um dos membros do grupo das mulheres. Quando pensa na competição, a jovem não consegue deixar de sentir-se ansiosa e pressionada, salientando ainda que não são rosas as vidas dos atletas amadores. “Além dos treinos, temos os exames da escola”, apontou.
O sistema de treinos e a idade de iniciação dos jogadores têm muita importância na formação de futuros campeões. “Na Tailândia aprendem a manejar as bolas de bambu desde muito novos, portanto os jogadores com 27 anos podem ter começado a treinar desde os 8 ou dos 9. Em oposição, os atletas de Macau só treinam desde os 27 anos, existindo aqui uma diferença de duas décadas de preparação”, sublinhou Lam Kam Hung.
“A nossa posição face ao evento desportivo é muito conservadora e não estamos a sonhar com medalhas. Apenas queremos adquirir mais experiência e conseguir fazer entre 25 a 30 cestos na formação masculina”, acrescentou o mesmo responsável.
O motorista de autocarros foi quem liderou os esforços para criar uma selecção de basquetebol tailandês para participar nos JARC. O atleta acredita que a história das modalidades de takraw está ainda no começo e que formar um grupo com jogadores fixos será crucial para a promoção do desporto. Na calha, a AGSTM tem a organização de cursos de treinador, com o intuito dos praticantes poderem ajudar na preparação dos novatos em actividades nas escolas e cursos de Verão.
“Há dois anos que temos vindo a promover acções de formação durante as férias escolares, mas a resposta não é satisfatória. Desde que a bola de bambu se tornou mais dura, os miúdos pensam que é mais doloroso chutá-la. A nossa esperança é que com os JARC as pessoas fiquem a conhecer realmente o que é o hoop takraw”. De facto, desde 1982 que o bambu foi substituído pelo tecido sintético.
Kahon Chan com Alexandra Lages

2 comentários:

Anónimo disse...

Foi com curiosidade e alguma surpresa que descobri o BLOG...

Acho verdadeiramente SENSACIONAL... é da informação mais credivel e acima de tudo pertinente que tenho visto e lido (nada a ver com certos "PONTOPARAGRAFO" e "ANTEONTEMMACAU" que leio com alguma tristeza pela sua pobreza jornalistica e alguma... digamos... fraca isenção.

Força.

Anónimo disse...

Penso que o Tai Chung Pou fala da verdadeira Macau...das suas gentes e da sua essência! Parabéns e um abraço!