De olhos bem abertos
“Há muito mais em Macau do que apenas casinos.” Mostrar que, além das mesas de apostas, existe um mundo novo por descobrir foi a missão a que se propôs Chung Wah Chow quando aceitou reescrever a parte dedicada à RAEM do guia turístico Lonely Planet, edição de Hong Kong e Macau.
De visita ao território na pele de “insider”, a autora fez uma descoberta “fascinante”. Além da Macau chinesa que já morava no coração da escritora, existe uma outra. É uma cidade híbrida, onde há uma comunidade que vive e se move entre chineses e portugueses – os macaenses.
Chung Wah Chow descobriu que Macau não é uma terra de uma só cultura, mas sim de culturas. Amante de viagens e defensora das questões ambientalistas, tentou passar para as 47 páginas renovadas do guia turístico uma visão fresca da RAEM dos nossos dias.
“A história começou em 2006.” Assim inicia Chung Wah Chow o relato de como se tornou a “embaixadora” de Macau junto do grupo editorial internacional. A Lonely Planet procurava um candidato que, além do domínio da língua inglesa escrita e falada, estivesse há muito tempo radicado em Hong Kong e que falasse cantonês. Chung Wah Chow preenchia os três requisitos. Daí até escrever sobre o território foi um salto.
“Uma das minhas principais preocupações foi mostrar que Macau é muito mais do que jogo. As pessoas de Hong Kong vêm aqui apenas para jogar nos casinos. No entanto, os leitores deste guia querem mais e eu, pessoalmente, estou interessada em estudar a história, a literatura, etc. Descobri que a cidade tem uma história e um passado tão interessantes. Porque não mencioná-los no guia?”, destaca.
Chung Wah Chow pisou pela primeira vez o solo da antiga cidade do nome de Deus aos três anos de idade, mas a primeira memória é apenas dos tempos de faculdade. A então estudante universitária rumava ao território para visitar os colegas e amigos. Com as deslocações sazonais formou-se uma imagem que, mais tarde, a autora descobriu estar incompleta.
“Se já conhecia Macau? Sim e não. Antes apenas conhecia a Macau chinesa. Nos últimos anos ao serviço da Lonely Planet, comecei a explorar outras coisas”, explica. A identidade macaense fez a residente de Hong Kong olhar a RAEM a partir de um novo prisma. E todo um trabalho de pesquisa começou a desenrolar-se.
Chung Wah Chow estabeleceu contactos, procurou integrar-se e conhecer pessoas portuguesas e macaenses. Ao longo de cinco meses, a escritora consultou ainda páginas de Internet, livros, os Serviços de Turismo da RAEM e até académicos. O resultado?
Um texto introdutório com uma essência totalmente distinta da versão antiga do guia turístico. Os visitantes ficam a saber que Macau é fruto da convergência da China e de Portugal e que, desse encontro, nasceu uma cultura única. A vida do território é agitada pelas luzes dos casinos e as multidões das salas de apostas, mas também é feita de monumentos históricos, de museus e de artes, da pintura à literatura, que estão à espera de novas audiências.
“Macau foi governado pelos portugueses durante 400 anos. E ainda hoje se fazem notar estas influências, desde a arquitectura ao património cultural. Por outro lado, os portugueses e os macaenses são uma parte da comunidade local. Foi o que eu descobri. À parte da comunidade chinesa, há ainda os portugueses e os macaenses”, reitera.
A essência híbrida da cultura local arrebatou a atenção de Chung Wah Chow. Num guia que engloba as duas regiões administrativas especiais, este aspecto ganha um valor acrescido. “Em Hong Kong também temos duas comunidades, mas que vivem em separado. Há interacção nos assuntos do dia-a-dia, mas em termos de vida social existe um afastamento. Por seu turno, os macaenses vivem entre as duas culturas e conservam um modo próprio de vida. Esse hibridismo foi algo que me impressionou muito e me fez adorar Macau”, salienta.
Quem chega ao território deve ainda ter em atenção os problemas que dificultam o caminho de quem cá vive – a falta de mão-de-obra, a poluição atmosférica e o excesso de trânsito rodoviário são alguns dos exemplos. A edição de Hong Kong e Macau do Lonely Planet destina-se aos públicos que nunca estiveram nestes locais. Logo, defende, a escritora, as pessoas devem ser informadas de todos os aspectos que influenciam o quotidiano de um destino turístico.
“A minha tarefa não é só dizer o que há de interessante em Macau, mas também quais são os problemas da cidade. O trânsito e a falta de mão-de-obra da RAEM são alguns dos temas focados no guia. Hoje em dia, toda a gente quer um trabalho num casino e não quer ser motorista, por exemplo. Por isso é tão difícil apanhar um táxi no centro da cidade”, nota.
Escrever sobre a antiga cidade do nome de Deus foi um desafio para Chung Wah Chow. À semelhança de qualquer outro território asiático, a RAEM muda “a uma velocidade incrível”. Poucos meses após ter entregue o trabalho, enquanto folheia o livro que tem dias de vida, a autora encontra já alguns dados desactualizados.
“O problema da maioria dos guias é que, quando são postos à venda, só já 30 por cento da informação é que está actualizada. Alguns locais que eu recomendo, como o café Ou Mun, já não existem. Macau está a mudar demasiado rápido.”
Uma advogada que trocou o Direito pelas viagens
Ténis, roupa confortável e mochila às costas. Viajar, conhecer novas culturas e pessoas são as prioridades de Chung Wah Chow. Licenciou-se em Direito na Universidade de Hong Kong, mas nunca agarrou a profissão. Tem cara de menina, mas já conta com 32 anos de vida e diz saber o que quer. Nada que se relacione com sapatos, fatos, horários e escritórios. Hoje é escritora da editora de guias turísticos Lonely Planet, mas Chung Wah Chow já trabalhou para organizações não-governamentais (ONG) e deu a volta ao mundo. O ambiente e a cultura são os principais campos de interesse da hongkonger que se apaixonou pelo patuá.
“Depois de me licenciar, não quis ser advogada, porque é uma carreira muito aborrecida. Eu queria um trabalho fora de portas em que não tivesse que usar fatos e sapatos todos os dias”, conta a escritora.
O primeiro emprego de Chung Wah Chow foi na Greenpeace, como ajudante de campanha. Durante dois anos, a residente de Hong Kong participou no combate à poluição fluvial e ao tratamento irresponsável dos lixos tóxicos.
Terminada a tarefa na ONG internacional, lançou-se numa viagem pelo mundo. Começou na província de Guangdong, passou pela América Central, Canadá, Europa, Turquia, países do Leste euroepu, Irão, Paquistão e China. De regresso à terra natal, iniciou um curso de mestrado sobre a história das línguas nas ex-colónias da China. Hong Kong e Macau ocuparam o lugar central da investigação académica.
Entretanto, Chung Wah Chow voltou aos corredores de uma ONG. Desta vez, foi a Amnistia Internacional, onde trabalhou em casos de refugiados.
Em 2006, entrou na equipa da editora de guias turísticos Lonely Planet, tornando-se escritora. A primeira tarefa foi refazer a secção dedicada a Macau do livro que engloba as duas regiões administrativas especiais. Foi na sequência deste projecto que descobriu e começou a explorar o conceito de identidade macaense. Fascinada pela história das línguas, apaixonou-se pelo patuá. O dialecto dos filhos da terra será o tema de desenvolvimento de projectos futuros, mal a autora termine os trabalhos que tem em mãos.
Na edição de Fevereiro deste ano do guia, foi ainda responsável pela secção das excursões em Macau e na cidade vizinha de Zhuhai. Até Agosto, a escritora deve acabar outro livro da Lonely Planet sobre a província de Guangdong e a região de Xinjiang.
Os projectos de Chung Wah Chow não terminam aqui. As preocupações ambientais são o mote da iniciativa que está a promover com a organização World Wildlife Fund. O objectivo deste trabalho é mostrar como é possível viajar sem provocar um impacto negativo no clima dos países de destino. “Há métodos de viajar mais amigos do ambiente”, defende.
Macau faz parte deste projecto. A escritora deve perscrutar o território novamente, mas agora com o propósito de encontrar maneiras dos turistas não afectarem o ambiente da cidade e influenciarem negativamente o clima. No entanto, não tem sido fácil.
“Vim à RAEM procurar algumas informações sobre o padrão de viagem aqui, mas não há postos de reciclagem e a maior parte dos casinos não tem preocupações de conservação energética. Ainda não tenho uma solução. Tenho que voltar para fazer mais investigação.”
Castanheira Lourenço ouvido hoje em Tribunal
O antigo coordenador do Gabinete para o Desenvolvimento de Infra-estruturas (GDI), Castanheira Lourenço, deverá ser hoje ouvido na qualidade de testemunha de acusação no julgamento que tem como arguidos os familiares de Ao Man Long e três empresários de Macau, e que está a decorrer no Tribunal Judicial de Base (TJB).
Castanheira Lourenço deverá ser questionado sobre a forma como o GDI avaliou vários concursos públicos para a adjudicação de obras públicas no território. Recorde-se que, no âmbito do processo de corrupção e branqueamento de capitais, a maioria das obras mencionadas teve o Gabinete para o Desenvolvimento de Infra-estruturas, na altura dos factos dirigido por Castanheira Lourenço, como responsável pela avaliação das propostas a concurso público.
O antigo responsável pelo GDI - que deixou o cargo poucos dias antes do início do julgamento do ex-secretário para os Transportes e Obras Públicas – foi também testemunha do julgamento de Ao Man Long, condenado no final do mês passado a 27 anos de prisão.
Ao contrário dos responsáveis pela Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes, que admitiram ter alterado as pontuações dos concursos públicos por indicação do ex-governante, Castanheira Lourenço assegurou, nas duas inquirições que lhe foram feitas no Tribunal de Última Instância (TUI), não ter havido qualquer intervenção de Ao Man Long na escolha das empresas adjudicatárias.
Não obstante a versão dos acontecimentos do antigo coordenador do GDI - que em tudo pareceu coincidir com a das restantes testemunhas que trabalham no gabinete de projectos -, o colectivo de juízes do TUI entendeu que as informações prestadas por Castanheira Lourenço contribuíram para se chegar à conclusão de que o ex-secretário é culpado dos crimes que lhe tinham sido imputados.
Recorde-se que são arguidos no presente processo o pai, irmão, cunhada e mulher de Ao Man Long (esta última a ser julgada à revelia e procurada pelas autoridades policiais internacionais), bem como os empresários Frederico Nolasco da Silva, Ho Meng Fai (também em parte incerta) e Chan Tong Sang. Os familiares do antigo secretário são acusados de o terem ajudado a abrir contas bancárias fora de Macau, num processo de branqueamento de capitais.
Os empresários respondem também por corrupção passiva, sendo Ho Meng Fai o arguido com um maior número de crimes desta tipologia. A empresa do proprietário da Sam Meng Fai foi a responsável pela construção de obras de grande envergadura em Macau, como a Nave Desportiva dos Jogos da Ásia Oriental, os trabalhos de embelezamento do Jardim das Artes e a intervenção na Rotunda do Lisboa. Todos estes processos passaram pelo GDI.
Isabel Castro
Já é conhecido o programa do 32º Festival Internacional de Cinema de Hong Kong (HKIFF, na sigla inglesa). O evento mais importante da região vizinha no que à Sétima Arte diz respeito realiza-se entre os dias 17 de Março e 6 de Abril e conta com quase 300 filmes de 46 países e regiões. Os momentos mais importantes do evento foram destacados numa conferência de imprensa realizada no final da passada semana.
De acordo com nota enviada à imprensa pela organização, entre os realizadores locais que participam este ano no HKIFF estão Ann Hui, com o filme “The Way We Are”, Vincent Chui, com “Love is Elsewhere”, e Shu Kei e Mandrew Kwan Man-hin, com um trabalho conjunto intitulado “Coffee or Tea”.
Em conferência de imprensa, o presidente da organização, Wilfred Wong, manifestou o seu optimismo em relação ao crescente estatuto de Hong Kong como “cidade de produção cinematográfica de dimensão mundial”, tendo referido estar “particularmente orgulhoso” com o crescente número de produções locais a serem reconhecidas e distinguidas internacionalmente.
O realizador homenageado na edição de 2008 do HKIFF é Eric Tsang, que contribuiu para o festival com oito filmes, bem como com três películas em que desempenhou o trabalho de produtor – a trilogia “Winds of September”, que inclui os filmes de estreia de três jovens realizadores da China Continental, Taiwan e Hong Kong.
Eric Tsang foi homenageado durante a conferência de imprensa, ao ser transmitido uma película de 4 minutos em que estão reunidas imagens mais significativas do seu trabalho de realização, um tributo editado pelo cineasta Wong Chin Po. Presente na apresentação do programa do HKIFF, Tsang disse estar muito satisfeito com o facto de ter sido escolhido como o realizador em destaque na edição deste ano do festival, tendo prometido que vai continuar a formar novos cineastas e a promover o cinema.
É actor, realizador e produtor de cinema e de televisão. Nascido em 1953, Eric Tsang Chi-wai tornou-se muito popular com a série “Super Trio”, que a estação televisiva TVB transmitiu ao longo de uma década. Pela popularidade alcançada, Tsang é convidado com frequência para a apresentação de galas e de cerimónias.
Figura polémica, o realizador de Hong Kong, antigo atleta profissional, entrou no mundo do cinema com a participação em comédias. A viragem na carreira deu-se no momento em que começou a desenvolver parceiras com Alan Tam, tendo desde então sido distinguido com vários prémios, tanto na realização de películas como no seu trabalho de actor.
A conferência de imprensa contou também com a presença dos realizadores de Hong Kong Ann Hui, Shu Kei e Mandrew Kwan Man-hin, tendo também participado vários actores que entram nos filmes produzidos em Hong Kong.
Durante o período da sua realização, o HKIFF deverá levar a Hong Kong vários cineastas internacionais. O realizador russo Sergei Bodrov, nomeado para o Óscar de Melhor Filme Estrangeiro com o filme “Mongol”, e Peter Greenaway, que participa no festival com o filme “Nightwatching”, são os nomes de vulto esperados na antiga colónia britânica.
Alem de “Mongol”, a 32ª edição do HKIFF vai projectar duas outras películas nomeadas este ano para a categoria de Melhor Filme Estrangeiro: “The Counterfeiters”, de Stefan Ruzowitzky, e “Beaufort”, de Joseph Cedar.
Os bilhetes para assistir ao festival podem ser reservados desde o passado sábado, através da Internet, sendo que as bilheteiras abrem no próximo dia 6 de Março. No ano passado, o HKIFF vendeu mais 20 por cento de ingressos do que no ano anterior, com a organização a aumentar a duração do festival de 16 para 23 dias.
A par do festival de cinema, realizam-se em Hong Kong dois eventos associados. A 17 de Março, dia em que se começa o HKIFF, acontece a gala dos Prémios do Cinema Asiático (AFA, na sigla inglesa). A segunda edição dos AFA, que distinguem os melhores trabalhos cinematográficos da sétima arte asiática, está agendada para o Grande Auditório do centro de Convenções e Exposições de Hong Kong.
De 17 a 19 de Março, o território acolhe também o Fórum de Hong Kong sobre Financiamento do Cinema da Ásia.
Realizadores filmam preparação de Pequim para Jogos Olímpicos
As cinco curtas internacionais
As cinco curtas internacionais
São cinco curtas-metragens sobre a preparação da cidade anfitriã dos Jogos Olímpicos de Pequim, feitas por outros tantos realizadores, que serão transmitidas em breve pelas televisões da China e do estrangeiro.
A Comissão Organizadora dos Jogos Olímpicos de Pequim (BOCOG) anunciou este fim-de-semana ter convidado os cineastas Giuseppe Tornatore, de Itália, Majid Majidi, do Irão, Patrice Leconte, de França, Daryl Goodrich, do Reino Unido, e Andrew Lau, de Hong Kong, para a realização de cinco películas sobre a forma como a população chinesa se está a preparar para receber o maior evento multidesportivo do mundo, que se realiza em Pequim de 8 a 24 de Agosto próximo.
O projecto chama-se “Vision Beijing” e demorou 600 dias a ser concretizado, segundo Wang Hui, um dos elementos da BOCOG. Os cinco filmes vão ser transmitidos pela CCTV 2 já na próxima quinta-feira. Em datas ainda não anunciadas, serão também passados pela Beijing TV e pelas estações televisivas nacionais de Itália, França e Irão, de acordo com a agência oficial de notícias chinesa. O site sohu.com vai disponibilizar os filmes para que possam ser vistos on-line em todo o mundo.
Para Tornatore, a realização da sua curta-metragem não foi a primeira viagem à China com a equipa de filmagem. O realizador de “Cinema Paraíso” esteve no país em 1988, altura em que rodou “Reunion”, uma película que contava a história de um encontro entre um grupo de estudantes e o seu antigo professor, trinta anos depois de deixada a escola.
Para Majid Majidi, tratou-se da primeira deslocação ao país anfitrião dos Jogos Olímpicos, contextualiza a Agência Xinhua. “Estou muito impressionado com as pessoas de terceira idade, que têm uma grande paixão pela vida”, disse.
No entanto, o realizador, que foi nomeado em 1998 para o Óscar para Melhor Filme Estrangeiro com o filme "Children of Heaven", escolheu os mais novos para protagonistas da sua curta. Em “Colors Fly”, Majidi foi à procura daquilo que as crianças chinesas sentem em relação aos Jogos.
O francês Patrice Leconte também desconhecia a cidade mas foi o aspecto estrutural da capital que preferiu enfatizar. "Beijing - A Film Impressionistic" foca o lado físico de Pequim, do Palácio de Verão aos recintos olímpicos, passando pelas mais modernas construções da capital.
Daryl Goodrich é ex-atleta e combinou, em diversos momentos da sua carreira, o desporto e o cinema. Juntou-se ao projecto “Vision Beijing” depois de ter feito, com reconhecido sucesso, o filme promocional para a candidatura de Londres às Olimpíadas de 2012.
A curta de cinco minutos de duração, intitulada “Belief”, tem como tema principal o trabalho árduo que a competição desportiva exige. “Fui convidado para fazer um filme sobre desporto e crianças, uma celebração dos Jogos Olímpicos”, disse. “Foi isso que fiz e é essa a razão que me trouxe a Pequim. Tive uma excelente estadia”, disse, citado pela Xinhua.
Andrew Lau, o único realizador chinês deste lote de cinco eleitos pela BOCOG, optou por descodificar a gastronomia chinesa e a relação dos alimentos com a cultura do país, num filme que dá pelo nome "Color, Fragrance, Taste Beijing". “Adoro comida, pelo que sou a pessoa certa para fazer um filme sobre o assunto”, disse Lau, durante uma conferência de imprensa realizada em Pequim.
O caso Steven Spielberg acabou por vir à baila durante o encontro com os jornalistas. O realizador de Hong Kong disse ter ficado “chocado” com a posição assumida pelo cineasta norte-americano. “Fiquei chocado... É óbvio que os Jogos Olímpicos são um evento desportivo que nada tem a ver com a política”, afirmou.
Steven Spielberg abandonou a organização dos Jogos Olímpicos de Pequim, na qual desempenhava a função de conselheiro para as cerimónias de abertura e de encerramento, no passado dia 12. O realizador justificou a sua posição alegando ser contra a política da China em relação ao conflito do Darfur, no Sudão.
Caligrafias
Olhar para o futuro do desporto
Macau deve trabalhar arduamente para o desenvolvimento do desporto na região. A ideia foi defendida este domingo pelo articulista do jornal Va Kio, Lok Tin, num texto em que analisa o futuro da RAEM no âmbito desportivo. O território poderá ser bem-sucedido nesta matéria se souber aproveitar as oportunidades que estão a surgir, defende o autor. Para que isso seja possível, é necessário “separar o trigo do joio” e saber canalizar as energias para a luta certa.
Lok Tin começa por afirmar que, com os Jogos Olímpicos de Pequim à porta, Macau vai tornar-se um local popular, com os estágios de diferentes delegações desportivas. Recorda depois que Manuel Silvério, 1º vice-presidente do Comité Olímpico de Macau (COM), afirmou recentemente que a Associação Olímpica Britânica vai enviar para a RAEM 250 atletas, de 15 modalidades desportivas, para aqui realizarem o estágio de preparação para as Olimpíadas. “O COM recebeu também pedidos no mesmo sentido de países como Portugal, Cabo Verde, Brasil, Moçambique, Timor-Leste, Rússia, Argentina e Estados Unidos, entre outros”, refere.
Para Lok Tin, este fenómeno pode ser considerado uma “benesse” para a RAEM. “Para organizar os não muito conhecidos Jogos da Ásia Oriental 2005, Macau construiu uma série de recintos desportivos. Na altura, a população mostrou-se preocupada com a questão da utilização destes espaços após a realização dos Jogos. Tornar-se-iam inúteis e não mais do que um sítio para os mosquitos viverem?”, recorda. “O problema que agora se coloca é saber como se devem aproveitar para aumentar a fama de Macau, o desenvolvimento do desporto e da indústria de turismo desportivo.”
Uma vez que as delegações desportivas aos Jogos Olímpicos de Pequim 2008 são suficientes para garantir a ocupação dos recintos durante este ano, Lok Tin dá um salto no tempo para recordar que, após cumprida esta “tarefa”, os responsáveis pela área devem ter em mente que tanto a Europa como os Estados Unidos estão efectivamente interessados em promover o mercado desportivo asiático. “Se Macau souber aproveitar esta oportunidade, poderá retirar grandes benefícios e ter sucesso no desenvolvimento do turismo desportivo e de entretenimento”, defende o articulista.
Assim sendo, entende Lok Tin que a questão está nas mãos dos residentes. “Acredito que os erros e os actos indecentes ocorridos durante os Jogos da Ásia Oriental 2005 devem ser uma preocupação do Comissariado Contra a Corrupção. Nós devemos olhar em frente e trabalhar arduamente para o nosso futuro, ao dar ideias e opiniões”, atira. “A promoção das actividades desportivas trará mais oportunidades de emprego. Se despendemos grande parte da nossa energia numa batalha cuja conclusão é difícil de tirar, temo que o nosso tempo seja gasto em vão.”
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