quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Espaço de fuga à confusão, Os monumentos não vivem sozinhos, Macau aos corações

Sala de convívio da Santa Casa da Misericórdia de Macau

Espaço de fuga à confusão

A poucos metros do ambiente frenético tão característico da Praça do Leal Senado, há um espaço onde os ponteiros do relógio parecem andar mais devagar. O branco das paredes continua imaculado e as mesas e cadeiras dão a impressão de terem sido acabadas de estrear. Inaugurada há sete anos, a sala de convívio da Santa Casa da Misericórdia permanece imune à erosão do tempo.
O espaço não nasceu para ser um local público, mas sim para servir de ponto de encontro da irmandade. Contudo, as portas estão abertas para todos aqueles que abraçam o espírito da instituição de solidariedade. Ali, é possível partilhar uma refeição, trocar dois dedos de conversa ou simplesmente desfrutar de algumas actividades de lazer.
As iguarias que são servidas pretendem homenagear o melhor da gastronomia macaense e portuguesa. Os sabores são, no entanto, apenas um dos ingredientes de uma receita de sucesso. Todos são bem recebidos, num espaço que une a qualidade do serviço à simpatia do pessoal. Criar um ambiente alegre e descontraído era o objectivo número um da direcção da Santa Casa da Misericórdia quando pensou em abrir esta sala de convívio.
“O centro de convívio faz parte de um projecto que está mais centrado na vertente cultural da própria irmandade. Como instituição de solidariedade social que somos, a promoção de actividades culturais não faz parte das nossas competências. No entanto, estas iniciativas são importantes para congregar e convergir pessoas”, explicou o provedor da Santa Casa da Misericórdia, António José de Freitas.
A sala, cujos interiores foram desenhados pelo arquitecto Carlos Marreiros, é gerida de uma maneira muito prática e simples. As pessoas chegam, podem sentar-se confortavelmente e assistir televisão, ler um livro ou uma revista. Os membros da irmandade têm ainda à sua disposição um computador com ligação à Internet.
Há quatro conjuntos semanais de pratos do dia que funcionam numa lógica de rotatividade. Por isso, pelo menos uma vez por mês é possível saborear o famoso minchi, frango assado, dobrada com grão, arroz de pato, bacalhau à Brás, entre outros.
O sistema que comanda o cardápio é explicado por motivos logísticos. “As refeições vêm todos os dias da nossa creche. Aqui não temos uma cozinha com condições suficientes para confeccionar pratos em grandes quantidades e optámos por esta via alternativa”, sublinhou o mesmo responsável.
Diariamente, são servidas em média 25 refeições num espaço com uma lotação de 34 comensais. Com o tempo, o sucesso do tempero trouxe alguns problemas de espaço. Por isso, “o método mais seguro para conseguir mesa é telefonar no dia anterior e fazer uma marcação”, aconselhou o gerente do centro, Fernando Bastos. A prioridade é dada consoante a ordem das chamadas telefónicas.
As portas estão abertas seis dias por semana das 10h00 às 18h30. Além dos almoços, ao longo do horário de funcionamento, é possível escolher pratos mais leves. Aos sábados, são servidos apenas snacks.
Os preços das refeições causam espanto tendo em conta as tendências da inflação que caracterizam a actualidade económica do território. Algo que conferiu ainda mais popularidade ao espaço. O prato do dia custa 45 patacas para os irmãos da Santa Casa da Misericórdia de Macau, enquanto os não irmãos têm que pagar mais 10 por cento deste valor.
Uma tabela que tem sido mantida com algum esforço. “Como o espaço não tem fins lucrativos, os preços que estamos a praticar são apenas de custo. Contudo, com a inflação a subir em flecha tudo está a ficar mais caro, dificultando um pouco a situação”, lamentou o provedor da Santa Casa.
Apesar destas questões económicas, é com “orgulho” que tanto António José de Freitas como a gerência do espaço fazem o balanço da iniciativa. “Estamos muito orgulhosos da obra feita. Valeu a pena a aposta. Esta é a imagem que queremos dar da Santa Casa”, sublinhou o provedor da instituição de solidariedade social.
Na verdade, a sala de convívio faz parte de um projecto maior que engloba toda a travessa onde está localizada. Fernando Bastos ainda tem viva na memória a imagem do local antes de ser sujeito a obras de embelezamento. “O espaço estava iluminado apenas por uma lâmpada. Só por volta de 2000 é que foram instalados postes de electricidade. As únicas pessoas que passavam aqui eram os moradores”, recordou.
“A travessa era frequentada por toxicodependentes e muita gente estacionava neste espaço as suas motorizadas. Mais parecia um depósito de motas”, lembrou, por sua vez, o provedor da Santa Casa da Misericórdia.
Hoje, o cenário é bem diferente. A rua sem saída que se situa entre o edifício da instituição de solidariedade e a Farmácia Popular é uma paragem obrigatória da zona turística. “Qualquer turista que passe pelo coração do Leal Senado sente-se atraído pela beleza da travessa e vem tirar uma fotografia”, apontou António José de Freitas.
Tudo foi sujeito a um processo de restauração e embelezamento. Os edifícios foram pintados da mesma cor, as placas de publicidade dos escritórios ali existentes obedecem ao mesmo padrão e o espaço foi iluminado. No topo, foi instalado um busto de D. Belchior Carneiro Leitão. O jesuíta português é considerado o primeiro bispo de Macau e, no geral, da China. A par disso, o eclesiástico foi um dos fundadores da Santa Casa da Misericórdia da antiga cidade do nome de Deus.
Cada flash disparado das máquinas fotográficas dos turistas aumenta o sentimento de orgulho dos elementos da irmandade da instituição. “Se por cada fotografia doassem uma pataca à Santa Casa isso era óptimo para as receitas”, brincou António José de Freitas.
Cinco séculos a cuidar de quem mais precisa

A origem da Santa Casa da Misericórdia em Macau quase que se confunde com a história do território. A instituição foi criada em 1569, tornando-se na primeira fundação europeia de caridade e beneficência, com preocupações centradas na camadas mais desfavorecidas da sociedade. Em pleno século XXI, a organização optou por alargar o seu campo de acção. Além de reforçar a actividade social, virou-se também para o âmbito cultural.
Durante muitos anos, a Santa Casa da Misericórdia foi uma das únicas bóias de salvação dos mais necessitados, dando um contributo enorme para o desenvolvimento da assistência social no território. “O espírito de bem-fazer e de ajudar as pessoas carenciadas não passa despercebido à cidade, devido à longa história da Santa Casa junto das gentes de Macau”, frisou o provedor da instituição, António José de Freitas.
Nos últimos 50 anos, para responder às necessidades comunitárias, a Diocese decidiu avançar com novos projectos de carácter social. Algumas dessas iniciativas estão a cargo da Santa Casa.
Actualmente, a instituição é responsável por um lar que acolhe 23 idosos, uma creche com cerca de uma centena de crianças e um centro para invisuais com 50 utentes. A par da vertente social, a direcção da Santa Casa decidiu piscar o olho ao aspecto histórico e cultural.
Na Travessa da Misericórdia, localiza-se a entrada do núcleo museológico. Ali estão expostas peças de arte que combinam as influências culturais chinesas e portuguesas. Um exemplo é a ampla colecção de porcelanas pintadas com o símbolo da Companhia de Jesus.
Prova viva de que a Santa Casa pretende colmatar as diferentes necessidades da população local é o seu envolvimento no projecto de desenvolvimento das indústrias criativas no Bairro de São Lázaro. O albergue da instituição vai ser um dos principais palcos da organização de actividades culturais e recreativas.
Alexandra Lages
Fotografia: António Falcão/ bloomland.cn

Marreiros defende alteração das regras de construção urbana no contexto do património

Os monumentos não vivem sozinhos

A alteração da legislação de protecção ao património cultural deve ser acompanhada por algumas reformas, de índole mais geral, em relação à construção urbana de Macau. A leitura é feita por Carlos Marreiros, arquitecto que, há 25 anos, esteve envolvido nos trabalhos de preparação dos primeiros diplomas que vieram definir as regras de preservação do património do território.
Segundo adiantou esta semana o vice-presidente do Instituto Cultural da RAEM, Stephen Chan, até ao final do mês deverá estar concluída a anteproposta de lei sobre a protecção do património cultural, que será submetida a consulta pública.
Carlos Marreiros desconhece quais as intenções concretas do diploma que o Governo está a ultimar mas, instado pelo Tai Chung Pou a pronunciar-se sobre os principais aspectos que esta nova legislação deverá contemplar, o arquitecto deixou algumas sugestões, alertando, em simultâneo, para problemas com os quais a cidade já se defronta e que podem vir a piorar.
A ausência de um planeamento urbano geral dificulta a preservação patrimonial. Assim, Marreiros defende que a alteração legislativa deve ser acompanhada pela criação de um plano de intervenção urbanística geral, conjugado com planos sectoriais. “A preservação do património não se limita aos edifícios em si”, sublinha. “É preciso que haja regras para as zonas que envolvem esses edifícios, o mesmo se aplicando aos conjuntos classificados, que são ainda mais difíceis de proteger.”
A actual legislação de Macau prevê a classificação do património em várias categorias: monumentos, edifícios de interesse arquitectónico, conjuntos, sítios e zonas de protecção. Em relação aos monumentos em si, o edifício enquanto estrutura física, entende Carlos Marreiros que o Governo tem feito “um bom trabalho” e que, de uma maneira geral, “têm sido salvaguardados”.
Só que o património vale também por aquilo que o rodeia. Os conjuntos são “o grande desafio”. “Muitos deles, são pequenas ilhas patrimoniais, frágeis no contexto urbano”, vinca. É preciso pensar em formas de proteger os eixos visuais destes locais, para que o conjunto possa ser visto como um todo, defende.
“É uma questão muito complicada. Como é que um conjunto de edifícios pequenos, com dois ou três andares, pode apresentar um ar patrimonial se tem, ao lado, torres enormes?”, questiona. A resposta passa pela definição de zonas de protecção “muito bem definidas”, tendo em conta não só os monumentos como também o ângulo de visibilidade. “Os edifícios novos não podem prejudicar a leitura.”
O Farol da Guia é um exemplo incontornável, que já se tornou recorrente, e que é sinónimo do que não se deve fazer. “O grande problema não é patrimonial, mas sim em termos de plano director, que tarda em aparecer”, constata. “Não há um instrumento urbanístico para a gestão de toda a cidade.”
Carlos Marreiros entende que não é só a altura que prejudica a leitura do património no contexto urbano, mas também a densidade de construção. “A área bruta de construção de um lote é grande, deve ser controlada”, defende, de modo a que, em vez, de prédios compactos e blocos maciços, a cidade seja dotada de uma dinâmica e de espaços de respiração. Para que tal seja possível, defende, “é preciso legislar no sentido de criar zonas de transferência da área bruta de construção”, ou seja, o proprietário do terreno tem menos área para construir em determinado lote, mas é ressarcido noutro ponto da cidade.

Onde estão as colinas?

Eram sete, ou continuam a ser, mas já não se conseguem contar. Quem chega a Macau encontra uma urbe com contornos muitos distintos daqueles que lhe chamaram a cidade das sete colinas. Carlos Marreiros não defende cidades mortas, que não evoluem na perspectiva física, mas não deixa de lamentar que a ausência de um plano geral de construção que permita assegurar que alguns aspectos paisagísticos são preservados. “Era a cidade das sete colinas. Onde estão elas?”, lança.
Como o “boom” de construção ainda não acabou, a península está cheia e a Taipa ficará, em breve, sem espaço para novos edifícios, o arquitecto defende que se deve apostar nos aterros. O plano para conquistar terra ao mar foi anunciado pelo ex-secretário para os Transportes e Obras Públicas, Ao Man Long. A partir do momento em que foi detido, deixou de se falar da questão.
“O património não é só a arquitectura”, sublinha Carlos Marreiros. “São os sítios e a paisagem.” Uma vez que Coloane, embora com menos património em termos arquitectónicos, tem este lado da paisagem bem preservado, há que o manter. “Para evitar a construção na ilha, há que aterrar”, sustenta. E, sobretudo, planificar, encontrar uma estratégia global, articulada com a reforma do sistema de transportes.
Isabel Castro

Lojas e restaurantes da cidade preparam-se para o dia

Macau imbuída do espírito de São Valentim

Um dia de comércio. Sobem os preços das flores e dos chocolates e os restaurantes oferecem ementas especiais. Assim é o Dia de São Valentim. No seio dos ocidentais é uma realidade sobejamente conhecida. A comunidade chinesa de Macau também celebra? Inquiridos pelo Tai Chung Pou, tanto os comerciantes como os residentes da RAEM, especialmente os mais jovens, declararam que celebram o Dia de São Valentim com pompa e circunstância. Quanto ao Dia Chinês dos Namorados, que este ano calha a 21 de Fevereiro, poucos conhecem e só os mais velhos celebram.
Karen, 40 anos, secretária, natural de Macau, não liga ao Dia de São Valentim nem ao Dia Chinês dos Namorados. “Já estou velha para isso”, comenta. Os preços aumentam e a vontade de celebrar o casamento diminui. “Fica tudo mais caro. Há vários anos que deixei de comemorar”, diz. Não porque o amor tenha diminuído ao longo dos anos, mas porque o emprego, os filhos e os preços não permitem. Nem mesmo em casa irá celebrar. Até porque, tem casa cheia e um jantar a dois será praticamente impossível. “Acho que os mais jovens continuam a festejar o Dia de São Valentim”, declara. E o Dia Chinês dos Namorados? Nem sabe.
Por seu turno, Joshua Tai, 26 anos, residente na RAEM, a trabalhar na área do marketing, irá levar hoje a namorada a jantar. “Levo-a às compras e pago algumas coisas – normalmente não são chocolates nem flores, talvez roupa”, diz. Por enquanto, não reservou mesa em nenhum restaurante especial. “Está tudo mais caro, as flores, a roupa, tudo”, queixa-se.
Para Joshua, só faz sentido comemorar o Dia de São Valentim e não o Dia Chinês dos Namorados. Talvez se tenha perdido a tradição. “Para mim, é mais normal a data que é comemorada internacionalmente”, diz. Quanto ao Dia Chinês, apenas os “mais velhos e mais tradicionais” comemoram. “Por exemplo, os meus pais. Saem para jantar ou organizam uma refeição especial em casa”, conta.
É pensando nos mais jovens que as lojas de Macau colocam enfeites nas montras. Bonecos de peluche, chocolates, flores e corações são os elementos decorativos mais visíveis. Cindy, dona de uma loja de flores numa das ruas principais de Macau, afirma que “esta altura é sempre muito ocupada”. Namorados e maridos querem escolher as flores mais bonitas para oferecer. Este ano têm escolhido principalmente “as rosas de diferentes cores” e, em segundo lugar, “as túlipas”.
Os ramos têm de ser bonitos e decorados com “mais ornamentos”, como laços e cartões especiais. A montra está decorada com corações e chocolates, a pensar neste dia. Algo que só acontece nesta altura, já que o Dia Chinês dos Namorados passa despercebido. Aliás, Cindy nem se recordava do dia quando inquirida pelo Tai Chung Pou. Pediu ajuda às colegas que, após uns minutos de discussão e depois de olharem para o calendário, afirmaram que calhava a 21 de Fevereiro. “Hoje é realmente a data mais internacional”, explica.
Um pouco mais acima, na mesma rua, está uma banca de flores especialmente montada para este dia. “Estamos a vender flores para namorados e maridos oferecerem”, afirmou uma das responsáveis, Rosa Kwok. Escolheram a Rua Pedro Nolasco da Silva por ser uma das principais artérias da cidade. E, até ao início da tarde de ontem, já tinha sido uma aposta ganha. Os principais clientes são “adolescentes”, em busca das flores perfeitas.
Também os restaurantes se estão a preparar. Uma das responsáveis pelo restaurante Flor Bela afirmou que esta quinta-feira terão as portas abertas, apesar de ser o dia de folga. “Estou sozinha em Macau. Prefiro ficar a trabalhar”, diz. Prevendo casa cheia para hoje, irá oferecer rosas a quem resolver comemorar o dia no seu restaurante. Um mimo para quem ali quer celebrar uma data especial.
No hotel Mandarin os restaurantes também estão a postos para o Dia de São Valentim. O Mezzaluna, o Café Bela Vista, o NAAM, o Tung Yee Heen e o Vasco apresentam menus específicos e um ambiente romântico decorado a rigor. As ementas não são particularmente económicas. No caso do restaurante Mezzaluna, por exemplo, cada casal deverá pagar 2988 patacas – inclui um menu de oito pratos e um “presente especial”. Quanto ao Dia Chinês dos Namorados, “não é popular entre a sociedade de Macau”, afirmou Reta Wong, do departamento de comunicação do hotel Mandarin. Por isso, nada têm preparado para 21 de Fevereiro.
O patrono dos apaixonados

Em muitos países, o Dia dos Namorados é também denominado o Dia de São Valentim, uma data em que se celebra a união entre casais. É comum a troca de cartões e presentes, tais como as tradicionais caixas de bombons em formato de coração.
Dizem os estudiosos que a celebração tem origem num obscuro dia de jejum em homenagem a São Valentim. A associação ao amor romântico só chega depois do fim da Idade Média.
Símbolos modernos incluem a silhueta de um coração e a figura de um Cupido com asas.
Reza a lenda que o Imperador Claudius II, durante o seu mandato, proibiu a realização de casamentos, com o objectivo de formar um poderoso exército. Ignorando as ordens do Imperador, um bispo romano chamado Valentim continuou a celebrar casamentos. A prática foi descoberta e Valentim foi preso e condenado à morte. Enquanto estava preso, uma jovem cega, Asterius, visitou o bispo. Os dois acabaram por se apaixonar e a jovem recuperou a visão. Valentim foi decapitado a 14 de Fevereiro de 270 d.C.
Outras das histórias frequentemente contadas retrata São Valentim como um simples mártir que, em meados do séc. III d.C., tinha recusado abdicar da fé cristã que professava.
Algumas pessoas acreditam que se comemora a 14 de Fevereiro por ter sido o dia da morte de São Valentim. Outros reivindicam que a Igreja Católica decidiu celebrar a ocasião nesta data como uma forma de cristianizar as celebrações pagãs da Lupercália. Isto porque, na Antiga Roma, Fevereiro era o mês oficial do início da Primavera e era considerado um tempo de purificação. O dia 14 de Fevereiro era o dia dedicado à Deusa Juno que, além de rainha de todos os Deuses, era também, para os romanos, a Deusa das mulheres e do casamento. No dia seguinte, 15 de Fevereiro, iniciava-se assim a Lupercália que celebrava o amor e a juventude.
Ao longo dos tempos, as tradições de São Valentim foram adquirindo um grau de complexidade cada vez maior. Foram-se criando novas tradições, lendas e brincadeiras, como é o caso das mensagens apaixonadas. Aliás, a tradicional troca de cartões, cartas e bilhetes apaixonados no dia 14 de Fevereiro teve origem na própria lenda de São Valentim, quando este teria deixado um bilhete à filha do seu carcereiro.
Dia Chinês dos Namorados

Calhando no 15º dia do primeiro mês do ano lunar, o Festival de Lanternas tem lugar numa noite de lua cheia, e assinala o fim das festividades do Ano Novo Lunar. Um dia em que os mercados de flores, restaurantes, casas e parques são iluminados e decorados por lanternas, e que também é conhecido como o Dia Chinês dos Namorados. Afinal, durante o festival, os solteiros costumam juntar-se para jogos amorosos com lanternas de forma a iluminar o seu amado ou amada. Este ano calha a 21 de Fevereiro.
Mas o dia originalmente apontado como o dia dos namorados, mas que já nem é celebrado, é, na realidade, o sétimo dia do sétimo mês do ano lunar. Existem duas versões para a origem deste dia. Uma delas determina que as sete filhas da Deusa do Céu, numa das suas descidas do céu, conheceram um bonito mortal. Uma das filhas, ao banhar-se no rio, decidiu tirar as roupas. Foram, naturalmente, obrigados a casar e viveram felizes por vários anos. Eventualmente, a Deusa do Céu ordenou que a filha regressasse ao céu. Com pena do casal, acabou permitir que descesse à terra uma vez por ano na sétima noite da sétima lua, altura em que tudo estaria preparado para o reencontro dos dois apaixonados. De acordo com a segunda lenda, o Imperador de Jade do Céu, com pena de dois discípulos solteiros, Niu Lang e Zhi Nu, decidiu juntá-los. Mas, dado que se apaixonaram e acabaram por negligenciar o trabalho, o Imperador afirmou que apenas uma vez por ano poderiam juntar-se – na sétima noite na sétima lua.
Luciana Leitão
Fotografia: António Falcão/ bloomland.cn

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