segunda-feira, 10 de março de 2008

Manifestação reivindica legislação de protecção aos animais, Festas em honra de Tou Tei em Macau

Manifestação reivindica legislação de protecção aos animais

Na rua pelos melhores amigos

“Sim aos direitos dos animais, violência contra os animais é ilegal, legislem já!”, foram algumas palavras de ordem escritas em cartazes e que se ouviram ontem nas ruas de Macau. No percurso do Tap Seac até à Sede do Governo, marcharam mais de 450 pessoas. O objectivo da manifestação foi lançar mais um alerta para que a crueldade contra os animais seja punida e responsabilizados os autores dos maus tratos.
O caso que sucedeu em Fevereiro, quando 11 adolescentes queimaram um gato e foram libertados sem qualquer punição, deu o mote para dizer "basta!". A marcha foi organizada pela Associação de Protecção aos Animais Abandonados de Macau (AAPAM), com o apoio da Anima, Sociedade de Protecção dos Animais.
Tamami Ogata, uma das associadas com 18 gatos e 12 cães, insurgia-se contra o que considera ser inadmissível, ou seja, “uma cidade turística e civilizada como Macau, sem ter uma legislação que defenda os animais”. Lançou também o alerta ao Governo para que “não deixem que as pessoas nas obras de construção civil tenha cães, pois não têm comida, não têm água, procriam e podem ser, acima de tudo, um problema grave de raiva”. Além disso, considera de primordial importância que os jovens sejam educados para cuidarem bem dos animais e, em caso de procederem incorrectamente, “devem fazer serviço comunitário em associações de protecção de animais durante muito tempo”, concluiu.
Mais de 13 mil assinaturas foram recolhidas e entregues ontem ao Executivo da RAEM. Desde que a manifestação foi marcada, desencadeou-se uma corrente por e-mail, com as assinaturas a serem recolhidas também nas ruas e nas escolas.
Antonieta Manhão, uma das voluntárias da AAPAM, disse que estão “a fazer o máximo de barulho possível sobre o assunto, mas isto ainda é pouco”. Um dos objectivos, remata, é que “a lei passe rapidamente para a discussão na Assembleia”.
Paula Correia é dona de três gatos e três cães que retirou da rua. Com um cartaz em punho, marchou a favor da “ legislação urgente e necessária para punir a crueldade”. Antes de ser um direito dos animais, esclarece, “é acima de tudo um direito das pessoas ao respeito e à dignidade”.
De Hong Kong veio Akemy Leitao, indignada pelo facto de, em Macau, “ainda não existir punição criminal contra maus tratos” dos animais.
A marcha fez-se sem sobressalto e com a presença de manifestantes de quatro patas. Cerca de 80 cães e gatos juntaram-se ao protesto.

A luta que vem de longe

A necessidade de legislação que proteja os animais é a grande luta que a Anima tem vindo a desenvolver. A questão já fez correr muita tinta no passado e o director-geral da associação, Albano Martins, aponta a necessidade de “responsabilização”.
Ainda antes de os serviços do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) colocarem a “lei sobre posse de animais” a consulta pública em Abril e Maio do ano passado, com o objectivo de regulamentar as responsabilidades dos proprietários de animais e prevenir doenças contagiosas, Albano Martins alertava para outras questões. Quando se fala em legislação do género, é preciso “regular a importação de animais” - que há alguns que “não devem ser importados porque não se adequam a este tipo de clima, como os São Bernardo - , bem como “a criação, medicação e tratamento, os veterinários e clínicas, a posse pelo público e as lojas que comercializam os animais de estimação e os próprios tratadores”.
Nos últimos dois anos enviou várias recomendações que deveriam ser incluídas na nova lei como “o envio de um relatório mensal ao IACM por parte das lojas de animais, com o número de exemplares, a origem e as transferências de propriedade, assim como o licenciamento de todos os animais existentes”, uma vez que, segundo Albano Martins, esta actividade é realizada sem qualquer controlo e, como é um negócio, “os animais que não têm saída ou são abandonados ou mortos”. Indigna-se ainda com a falta de regulação dos veterinários. “Eu ou qualquer pessoa podemos exercer a actividade de veterinário. Não é à toa que por vezes os animais morrem”, diz.
Num discurso dominado de convicção, insiste na importância do licenciamento, mas também sugere que Macau adopte sistemas como Hong Kong e Singapura, onde a taxa não ultrapassa as 80 patacas. A sociedade de Macau não pode suportar licenças tão elevadas, recordando quando foi reduzida de 2200 patacas para as actuais 500. Os números não enganam: em Junho de 2004 estavam licenciados 144 animais, em Junho do ano seguinte, já com o novo valor, registaram-se 2333 animais. Actualmente, “os idosos não têm dinheiro para pagar uma licença, o que pode ser complicado, tendo em conta que esta ainda é uma zona endémica de raiva e um animal que não é licenciado, também não é vacinado e está fora do controlo sanitário”, conclui.
O importante é incentivar o licenciamento e não a repressão através de multa. Por vezes, tem a sensação que os serviços do IACM “têm medo das pessoas. Preocupam-se com show-off e não com os animais dentro de casa” e escusam-se a adoptar medidas mais repressivas no caso de abandono ou maus tratos. Por exemplo, “se um dono quiser entregar um cão no canil municipal, pode fazê-lo sem qualquer sanção, basta assinar um papel”. Se o animal não for adoptado em 72 horas, segundo o regulamento, o destino dele é o abate. A Anima propõe que esse dono seja interdito de ter animais durante os cinco anos seguintes “para evitar que vá a uma `petshop´ comprar um cão mais bonito”.
As mudanças vão sucedendo com base nas reivindicações feitas. Os responsáveis do IACM concordaram com a interdição, mas optaram por três e não cinco anos. Quanto ao chip, “em vez de obrigarem a sua colocação a partir dos seis meses, esta fasquia vai baixar para os três meses de idade”. Apesar da legislação e das mudanças que possam ser introduzidas, “infelizmente vão haver pessoas a fugir pelos buracos da lei”, conclui.
Também a AAPAM se mostra revoltada com a legislação. Yoko Choi questiona como é possível “aplicar uma multa de 600 patacas a quem alimentar animais na rua, mas não haver qualquer castigo por matar” e recorda o caso que aconteceu no mês passado com o gato “queimado” por um grupo de 11 adolescentes. Em Hong Kong, cidade de onde é originária, a crueldade contra os animais é punida com multas e pena de prisão até três anos, mas aqui “são apenas uns milhares de patacas”. Reconhece, no entanto, que também há falhas em Hong Kong, pois “os animais que não são adoptáveis, por exemplo cegos ou com três pernas, são abatidos”.
Sandra Gomes
Fotografia: António Falcão/ bloomland.cn


Festas em honra de Tou Tei em Macau

O aniversário da terra

Ontem, dia 9 de Março, foi o dia de aniversário do ancião deus da terra, Tou Tei. Em Macau existem dois grandes templos aos “deuses locais”, um na zona de Patane, por detrás do Jardim de Camões, cujas celebrações terminam hoje, segunda feira, e o outro, junto ao mercado da Mitra, zona conhecida por Cheoc Chai Un em cantonês, cujos festejos duram ainda mais um dia.
Durante muitos anos assistimos, sem nada saber das razões de tais espectáculos, a dias de Ópera Yue (de Guangdong) num palco encostado ao templo da rua Tomás Rosa. Ocorriam mais ou menos um mês depois do dia do Ano Novo chinês. Como no templo nunca vimos nenhum religioso, tauísta ou budista, nem aí serem feitas celebrações, apenas víamos as pessoas a colocarem pivetes, pensávamos ser uma iniciativa da associação do bairro. Pelo que ouvíamos falar, esforçavam-se os moradores do bairro por trazer a Macau grupos de ópera cantonense, com os melhores artistas da actualidade.
Habituamo-nos a assistir ao aparecimento de estruturas triangulares de bambu nas entradas das ruas que levam ao templo e à colocação de muitas bandeiras pelo bairro. No palco existente ao lado do templo, dia e noite realizava-se um espectáculo de ópera. Uma grande mesa colocada ao lado do templo estava completamente cheia de oferendas, sobretudo de fruta e muitos tabuleiros com leitões assados.
Segundo nos conta Silveira Machado, o templo naquele lugar tem 118 anos e veio substituir um antigo demolido para se abrirem vias públicas. Pela sua construção em 1886 e em agradecimento dos moradores ao Governador Rosa existe no pátio de entrada do templo uma lápide a assinalar tal facto. Os moradores ainda fizeram questão que a rua que lhe passa em frente tivesse o nome de Tomás Rosa. Em 1986 foram-lhe feitos grandes arranjos.
Encostado ao templo, um enorme palco em frente ao qual as cadeiras ocupam todo o espaço da rua, que é apenas para peões. Mas só após um olhar mais cuidado vemos, por baixo do palco, um grande altar ao deus da terra feito de pedra sem nenhuma figuração. Do outro lado da rua, no passeio e escondida numa esquina, uma estátua em porcelana representa um ancião com um ar jovial e alegre segurando um cajado na mão direita e um lingote de ouro na outra mão. Por cima, na parede, à altura das nossas cabeças um pequeno nicho de madeira com uma placa vermelha onde caracteres inscritos em dourado representam o deus do Céu.
Também ao longo de anos de deambulações pelas ruas de Macau, não despertamos para tentar perceber o porquê de tão grande proliferação de pequenos nichos e altares pelos passeios junto às portas das casas. A acompanhar as placas vermelhas, potes com terra ou pó do incenso queimado, por vezes numa pequena elevação para as tirar do caminho dos transeuntes mais distraídos. Raras mas existentes, estátuas de porcelana encostadas à parede no passeio. Frequente a combinação entre o deus da terra e o deus do Céu, extremos de uma hierarquia dos deuses com funções.
Já na rua da Pedra (Seak kai), o templo do bairro do Patane é também ele dedicado aos deuses locais e foi construído pelos seus residentes. Está assente junto a duas enormes rochas numa das encostas do monte onde se situa o Jardim Camões (a Casa das Pombas).
Leonel Barros, uma das pessoas mais bem documentadas sobre antigas histórias e informações acerca de Macau, sobretudo da parte chinesa, escreve acerca da origem desta celebração no templo do Patane em “Templos, Lendas e Rituais – Macau” edição da APIM. O Bairro do Patane “chegou a ser um dos mais populosos de Macau, visto ter ali concentrados muitos estabelecimentos comerciais que tinham negócios directos com a China”.
E foi ao passar por este templo, que a nossa atenção ganhou consciência ao ouvir o nome do deus ali venerado e que muitas vezes escutamos, Tou Tei. Até então referenciado com pequenas estátuas de madeira representando uma vasta gama de deuses.
O deus da terra, Tou Tei, (Tu Di em mandarim) é uma das divindades populares cuja função é tomar conta do lugar e das pessoas que em redor habitam. Para além de as proteger e ser seu confidente, um amigo para as boas e más horas, tem também a função de conduzir as almas dos mortos até às portas do inferno. Como narram os dois autores de Macau acima referenciados, Tou Tei não provém de nenhuma personalidade histórica, mas é o espírito de uma pessoa que na zona viveu e cujos habitantes, após a sua morte, o distinguiram pela sua virtude, ou poderes sobrenaturais. Foi o caso de Lam Seng, nomeado para o cargo pelos habitantes do bairro do Patane.
O deus da terra tem outras designações como, deus do solo, deus da aldeia (agora também há o deus da cidade, que se comemora em Xangai) e zela pela alma do lugar.
O culto a Tou Tei foi oficializado em 198 a.C. pelo fundador da dinastia Han, o imperador Gao Zu (206-195 a.C.).

Programa das comemorações

Ao ver os dois programas para a comemoração do aniversário do ancião deus da terra percebe-se que o templo da Horta da Mitra se tornou mais importante que o do Patane apesar de, neste último, se sentir nas pessoas uma maior ligação com a terra na celebração. Nos dias anteriores, muitas senhoras idosas dedicam grande esforço nas limpezas e nos preparativos com os papéis para queimar. Também pelos dois molhos de legumes, colocados na mesa de oferendas, instalada fora do pavilhão do templo do Patane e que se percebe terem crescido na terra e não feitos em estufa, se sente a diferença.
No altar do templo de Patane, a estátua do deus da terra é representada por um idoso, com as palmas das mãos viradas para cima e está acompanhado por uma figura feminina de rosto redondo, com as palmas das mãos pousadas nos joelhos. Já no templo da Mitra, o deus da terra é representado por uma placa que, ao centro, está colocada no altar onde muitas outras divindades se encontram.
As ofertas em dinheiro feitas durante os dias que antecedem o aniversário do deus da terra vão sendo escritas em grandes folhas e dependuradas em placares pela enorme estrutura de bambu. Esta foi edificada para nesses dias abrigar o espectáculo e os que a ele assistem. Esse dinheiro serve para oferecer ao deus a música que ele gosta.
É no dia 2 de Fevereiro do calendário lunar, por isso conhecido pelo duplo 2, que se celebra o aniversário da terra. Começando ao meio-dia, inicia-se com a dança do leão e o rebentamento de panchões. Normalmente o cartaz indica a vinda de uma companhia de ópera chinesa com grandes nomes do panorama actual desta arte.
No templo do Patane são três noites de ópera (dia 8, 9 e 10) começando às sete e meia da noite, iniciando-se a celebração com a dança do leão que aconteceu às 11 horas de Domingo. Hoje, segunda feira, ao meio-dia realiza-se um almoço para os mais idosos.
José Simões Morais
Fotografia: António Falcão/ bloomland.cn

Sacerdote regressou a Goa após 16 anos de trabalho em Macau

Missão cumprida

“As palavras são vãs, os exemplos é que ficam.” Foi este o principal conselho que o Padre Urbano Fernandes deu aos seus fiéis ao longo de 16 anos de trabalho em Macau. O mesmo princípio aplica-se à sua presença na região. Recentemente, o sacerdote missionário trocou a RAEM pela sua terra natal, Goa, e quem com ele privou diz que as palavras não chegam para descrever a importância do contributo aqui deixado. O exemplo do Padre Urbano, como é familiarmente conhecido, permanecerá na história da comunidade de Goa, Damão e Diu da região.
Nas três paróquias do território por onde passou, a principal tarefa do sacerdote foi a formação religiosa. Uma tarefa que, feitas hoje as contas, chegou aos sete mil fiéis. “Dava três missas por semana, em três igrejas diferentes”, contou, sentado numa secretária que, dentro de dois dias, deixaria de ser sua. À sua volta, as prateleiras anteriormente atulhadas de objectos estão já meio despidas.
“Tentei sempre transmitir os valores da vida cristã, cumprir os valores de Deus e as melhores formas de se comportar em sociedade. As palavras são vãs. Os exemplos é que ficam”, repetiu. Pelo chão do gabinete, estão espalhados alguns pertences que ainda não foram arrumados dentro da mala. Outros são deixados para trás “para dar aos pobres”.
Nos últimos dois anos, a Sé Catedral foi o último local de trabalho do Padre Urbano em Macau. S. Lourenço foi, no entanto, a primeira paróquia onde se instalou o sacerdote. À sua responsabilidade ficou a comunidade portuguesa. Natural de Goa, foi ordenado em 1968 pela Arquidiocese de Goa e Damão. O território surgiu no seu caminho quando ainda era a cidade do nome de Deus.
“Vim em 1992, na altura do Bispo Domingos Lam, a pedido do já reformado Padre Dino Santos Parra. Celebrava missas, prestava apoio à comunidade e dava aulas de catequese. Entretanto, obtive autorização para ficar permanentemente em Macau”, recorda.
Mesmo assim, o Padre Urbano resolveu voltar à terra que o viu nascer, antes de se reformar. A decisão partiu de um pedido do novo arcebispo patriarca de Goa, D. Filipe Néri, numa das muitas visitas do sacerdote ao território indiano.
“Porque vou? Quando fui de férias a Goa, o bispo perguntou-me há quanto tempo estava em Macau e qual era o estado da comunidade portuguesa. São já 16 anos, os portugueses são poucos e o meu trabalho centra-se mais na missa”, respondeu. “Já chega, agora dedica o resto da tua vida a Goa”, replicou por sua vez D. Filipe Néri.
O sacerdote acabou por aceitar a proposta. “Senti que o devia fazer. Já tenho 68 anos. Vou trabalhar numa paróquia de Goa com a ajuda de um assistente. De lá, vou continuar o meu trabalho”, frisa. Uma missão que hoje encontra pouco espaço na RAEM.
A par das funções pastorais e de doutrinação, o Padre Urbano dedicou grande parte da sua estadia em Macau aos mais necessitados. Todos os anos, o sacerdote distribuía um formulário com um apelo para as pessoas contribuírem para ajudar instituições e famílias não só no território e na China, como também além-mar. Em particular, Índia e Portugal.
O seu contributo mais marcante diz, no entanto, respeito à comunidade de Goa, Damão e Diu em Macau. A figura do Padre Urbano serviu de elo de ligação entre os vários elementos deste grupo lusófono. As celebrações que hoje são obrigatórias para os residentes com laços aos territórios indianos foram introduzidas pelo sacerdote.
“Foi comigo que começaram as festas de S. Francisco Xavier e da Nossa Senhora das Candeias [santa padroeira de Damão], as missas e o convívio social. Cada um trazia um prato de comida e juntávamo-nos todos - Goa, Damão e Diu e mesmo os macaenses”, aponta. Eram cerca de sete as ocasiões de festa para a comunidade lusófona. “Aos sábados fazíamos a reza do terço e o domingo era reservado para a convivência”, acrescenta. Até o seu aniversário era um pretexto para uma reunião.
“O meu desejo é que todos vivam com fraternidade, como irmãos. Tanto ao nível religioso, como na sociedade. A religião é uma forma de promover o convívio social”, defende.
Fora da igreja, o Padre Urbano moveu-se ainda pelas salas de aula de vários estabelecimentos de ensino do território. O mestre em Artes e Educação, curso efectuado na Universidade de Bombaim, ministrou lições de Religião e Moral na Escola Portuguesa de Macau a tempo parcial, deu aulas de Língua Inglesa no Instituto Salesiano e Sociologia durante um semestre na Universidade de Macau.
Ao longo de mais de uma década de trabalho em Macau, o sacerdote foi ainda nomeado missionário dos territórios portugueses no Oriente. Nesta qualidade, visitou alguns dos mais importantes santuários do mundo.
Actualmente, já em Goa a desempenhar as novas funções, o Padre Urbano disse adeus a Macau com um sentimento de dever cumprido. Na bagagem, pesou alguma tristeza, bem como os presentes e cartões de despedida dos colegas da Diocese. “Levo muitas saudades daqui. Deixo aqui muita gente boa que sempre me deu boas palavras.”
Alexandra Lages
Fotografia: António Falcão/ bloomland.cn

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