Liderança sem surpresas
Wen Jiabao foi ontem escolhido pela Assembleia Popular Nacional (APN) para o cargo de primeiro-ministro da China, que vai ocupar durante os próximos cinco anos. Nascido em 1942 em Tianjin, Wen é o principal responsável pelo Conselho de Estado desde Março de 2003. Desde 1965 que integra o Partido Comunista da China. Engenheiro licenciado pelo Instituto de Geologia de Pequim e especialista em estruturas geológicas, Wen Jiabou tem uma pós-graduação em educação.
A nomeação do primeiro-ministro aconteceu um dia depois da recondução, por igual período de tempo, de Hu Jintao como Presidente do país.
Também ontem, o órgão legislativo chinês elegeu Guo Boxiong e Xu Caihou para a vice-presidência da Comissão Militar Central (CMC) da República Popular da China, indicou a Agência Xinhua. Liang Guanglie, Chen Bingde, Li Jinai, Liao Xilong, Chang Wanquan, Jing Zhiyuan, Wu Shengli e Xu Qiliang receberam a aprovação da APN para integrarem a CMC, na qualidade de membros.
Através de voto secreto, noticiou ainda a agência chinesa, Wang Shengjun foi eleito presidente do Supremo Tribunal Popular, enquanto Cao Jianming foi nomeado procurador-geral da Suprema Procuradoria Popular.
A Constituição da República Popular da China estipula que o responsável pelo Conselho de Estado deve ser nomeado pelo presidente de Estado, e que os candidatos para a vice-presidência e membros do CMC sejam designados pelo presidente da Comissão Militar Central. Todos os candidatos são sujeitos a votação pela Assembleia Popular Nacional. No sexto plenário da APN participaram 2986 deputados.
Já no sábado, o número um do Partido Comunista Chinês, Hu Jintao, 65 anos, foi reconduzido por cinco anos na chefia de Estado, reunindo 99,7 por cento dos votos.
Depois de ter sido confirmado em Outubro passado na liderança do Partido Comunista, Hu recebeu, sem surpresa, o apoio de 2956 delegados num total de 2965 na APN. Hu Jintao foi aplaudido prolongadamente pelos delegados antes de apertar a mão do primeiro-ministro Wen Jiabao.
Os parlamentares designaram igualmente como vice-presidente Xi Jinping, de 54 anos, o provável sucessor de Hu Jintao como líder do partido em 2012.
Membros de Macau aplaudem continuidade em Pequim
Os membros de Macau à Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CCPPC) entendem que a continuidade de Hu Jintao na liderança da China é benéfica para o desenvolvimento do país. Na reacção à recondução de Hu no cargo por mais cinco anos, vários representantes da RAEM, citados ontem pela imprensa em língua chinesa, disseram que este novo mandato vai permitir a Hu desenvolver a sua maturidade política, o que terá consequências no desenvolvimento sustentado do país. Já a nomeação de Xi Jinping para a vice-presidência é entendida como se tratando de uma nova dimensão na liderança.
Leong Heng Teng e Wong Yu Kai, ambos membros da CCPPC, fizeram um balanço da liderança da China nos últimos cinco anos, chegando à conclusão de que Hu Jintao e Wen Jiabao souberam “humanizar a Administração”. Além disso, referiram, “houve um desenvolvimento da economia, assistiu-se a uma maior estabilidade social, os padrões de qualidade de vida aumentaram e foram introduzidos novos conceitos democráticos”. Para os políticos de Macau, estes resultados positivos são óbvios, o que faz com que seja natural a continuidade dos líderes.
Chung Siu Kin realçou que a administração do Presidente Hu trouxe muita energia ao desenvolvimento do país. “Após estes cinco anos de experiência, o Presidente pode continuar a desenvolver as suas políticas com base no que já foi alcançado.”
Tanto Leong como Chung consideram que o Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional tem feito um trabalho muito positivo na construção do sistema legal da China, o que se reflectiu na aprovação e revisão de vários diplomas cruciais. “A continuidade de Wu Bangguo enquanto presidente do Comité Permanente vai ser benéfica para a construção e melhoria do organização legal do país”, sublinharam.
Quanto à nomeação de Xi Jinping para vice-presidente da China, os três delegados da CCPPC acreditam que trará consequências positivas para Macau e Hong Kong, bem como para a questão de Taiwan. Durante a década de 1990, Xi trabalhou na província de Fujian, facto que lhe permitiu conhecer bem o Sul do país.
Tochas, medalhas, equipamentos desportivos, fotografias e imagens de momentos que ficaram para a eternidade. São 731 os objectos expostos num percurso que se faz em cerca de meia hora. Glória, vitória, empenho, respeito e, principalmente, amizade entre os povos são as emoções transmitidas ao longo das várias salas e corredores. O Pavilhão Polidesportivo do Tap Seac arrumou as cadeiras, as balizas e os cestos para receber alguns dos tesouros do Museu Olímpico de Lausanne, na Suíça. Uma exposição itinerante que, desde Agosto do ano passado, viaja por mais de uma dezena de cidades chinesas e que está em Macau até ao próximo dia 30.
O Comité Olímpico Internacional (COI) e a Comissão Organizadora dos Jogos Olímpicos de Pequim 2008 (BOCOG), as duas entidades organizadoras da mostra, convidam os residentes de Macau a embarcar numa viagem pelo mundo olímpico, desde os seus primórdios até ao esperado evento que começa no dia 8 de Agosto na capital chinesa.
Os Jogos de Pequim abrem a exposição. Na primeira sala denominada “A China abre as suas portas ao mundo”, salta à vista a cor vermelha. A mesma tonalidade é encontrada no emblema da competição, nos carimbos chineses dos Jogos, bem como nas mascotes e na tocha.
Todos estes objectos, incluindo as medalhas que vão ser distribuídas nos Jogos Olímpicos de Agosto, podem ser contemplados na primeira sala da mostra. Ainda neste espaço, é possível observar os presentes oferecidos à BOCOG por vários comités olímpicos, incluindo pelo de Macau, as mascotes Fuwa e os modelos das mais importantes estruturas desportivas da competição, o Cubo Aquático e o Ninho de Pássaro, nome pelo qual é conhecido o Estádio Olímpico Nacional.
O ponto alto da área coberta por pistas vermelhas de atletismo é a exposição de uma réplica da tocha das nuvens auspiciosas. Desta forma, os visitantes podem tirar uma fotografia segurando o mais emblemático objecto dos Jogos de Pequim.
Na segunda sala da exposição, a luminosidade diminui para dar destaque aos elementos audiovisuais que estão a ser projectados num dos cantos do espaço circular. É o cinema “Um Mundo”. Em quatro grandes ecrãs de televisão, são transmitidos excertos das cerimónias de abertura e de encerramento das anteriores edições dos Jogos Olímpicos, bem como de algumas competições.
Do lado oposto, estão expostos quatro conjuntos de trajes usados nos momentos de inauguração de anteriores olimpíadas. A indumentária usada pela delegação do Butão em Seul, na Coreia do Sul, nos Jogos de 1988, ou as roupas usadas pelos figurantes na abertura das Olimpíadas de Atenas, na Grécia, em 2004, são alguns exemplos.
Neste espaço, é ainda introduzido o tema da mostra: “Um Mundo, Um Sonho”. Um princípio que está sempre presente nos Jogos. Isto é, construir uma humanidade em que todas as etnias, raças, culturas e línguas pertençam ao mesmo universo.
As imagens e os trajes antigos antecedem a zona que conta a história dos Jogos Olímpicos. A partir daqui, tudo é montado para nos transportar para outro tempo e espaço. As linhas arquitectónicas em forma de arco e as passagens suportadas por colunas fazem lembrar a Grécia antiga. A intenção é fazer os visitantes esquecerem que estão em Macau e transportá-los para o Museu Olímpico de Lausanne.
A primeira parte desta etapa da exposição começa por explicar todas as simbologias e princípios do movimento olímpico. Pierre de Coubertin tem uma posição de destaque na mostra. Não é para menos, já que o francês foi o fundador do COI.
No expositor dedicado ao pai das Olimpíadas da era moderna estão expostos alguns objectos e é exibido um vídeo que revela a vida e o contributo do barão para os Jogos Olímpicos. Um sabre mostra que o pedagogo e historiador, falecido em 1937, era um apaixonado praticante de desporto.
O passeio pela história dos Jogos Olímpicos não segue uma linha cronológica. Da criação do COI, a exposição salta para a antiguidade. Há réplicas de instrumentos desportivos e outros objectos usados na Grécia antiga, como as protecções usadas pelos lutadores de boxe, e os famosos vasos de cerâmica que retratam episódios das competições.
Todos os cantos da cidade de Olímpia estão apenas a um toque no monitor de computador. O programa interactivo transporta o visitante numa reconstrução das várias estruturas da urbe que acolhia os Jogos Olímpicos da Grécia antiga.
O Corredor Olímpico é a etapa que se segue. É uma estrutura composta por 25 arcos de quatro metros de altura. Textos, imagens, vídeos e objectos relembram a história das Olimpíadas de Verão, narrando ainda lendas e mitos dos eventos da era moderna, bem como as mudanças que foram sucedendo ao longo dos anos.
Outro dos pontos mais interessantes é a exposição das tochas usadas nos Jogos Olímpicos modernos, desde 1936 ao último evento organizado por Atenas em 2004. Cada uma, conta uma história diferente. Por baixo dos expositores, há ainda um micro-aparelho de vídeo que revela o percurso das tochas, do projecto ao momento final em que se acende a Torre da Tocha Olímpica.
O objecto que abre a exposição foi utilizado em Berlim. Esta tocha representa um marco da história dos Jogos modernos, porque foi a primeira que foi acesa no santuário de Olímpia. O modelo dos Jogos de Atlanta, em 1996, distingue-se das demais pelo tamanho, tendo sido pensada à semelhança das tochas usadas na antiguidade. Os traços modernos são a característica do objecto utilizado nos Jogos de Sidney, em 2000. A forma assemelha-se a um boomerang e as cores lembram o azul das águas do pacífico.
Das tochas, a viagem passa para o sector dos equipamentos desportivos e lembranças de cada edição da competição internacional. Ao longo do corredor, do lado esquerdo vêm-se objectos autografados por campeões olímpicos como a maratonista portuguesa Rosa Mota. Já do lado esquerdo, são exibidos documentários de cada uma das Olimpíadas, com notas sobre as alterações ocorridas de edição em edição.
Tudo na mostra foi organizado para dar uma noção de viagem no tempo e no espaço. Fora do corredor olímpico, estão expostas raquetes de ténis, bicicletas, fatos de natação, sapatilhas e sticks de hóquei usados em diferentes etapas da história. Há a bicicleta fabricada em madeira dos anos 1930 e o modelo aerodinâmico do presente, por exemplo.
Ainda neste espaço, estão expostas as mascotes das edições anteriores dos Jogos. Os conhecimentos aqui adquiridos podem ser de seguida testados num jogo que exige a presença de dois participantes.
A viagem passa depois para a sala da filatelia. A mostra inclui alguns selos clássicos das 15 Olimpíadas de Verão e os cartazes olímpicos. Na mesma sala, estão ainda em exposição medalhas dos Jogos da era moderna, acompanhadas por vídeos que mostram os momentos gloriosos dos atletas que subiram ao pódio.
A última etapa da viagem pela história das Olimpíadas é dedicada aos três valores da competição. A explicação de cada princípio dá ainda a conhecer casos de atletas cujos feitos ficaram para a história. O australiano Cathy Freeman é um exemplo vivo de “Respeito”, visto que foi o primeiro atleta aborígene a subir ao pódio, nos Jogos de Atlanta. A “Amizade” foi protagonizada pelo herói dos Jogos de Berlim, Jesse Owens, que deu um exemplo ao mundo nazi com a sua relação com o concorrente alemão. A romena Nádia Comaneci dá corpo ao valor da “Excelência” sendo a primeira ginasta a obter a pontuação perfeita de 10.0.
A exposição itinerante dos tesouros olímpicos do COI estará patente em Macau no Pavilhão do Tap Seac até ao final deste mês. As portas da mostra estão abertas das 10h00 às 22h00. As entradas são gratuitas.
Jogos de Pequim descodificados
O que significa o emblema dos Jogos Olímpicos de 2008? Quais são as simbologias que presidiram à concepção da tocha? E o que representam as mascotes? Todas as respostas podem ser encontradas de uma só vez num único espaço. Além de uma viagem pela história das Olimpíadas, a exposição itinerante do tesouro olímpico do Comité Olímpico Internacional, que está patente no Pavilhão Polidesportivo do Tap Seac, revela todos os pormenores do evento que terá lugar na capital chinesa dentro de pouco mais de cinco meses.
A mostra começa por desvendar todas as simbologias que envolvem o emblema da competição. Conhecido por “Pequim dançante”, a figura da edição deste ano dos Jogos Olímpicos representa um atleta que corre de braços abertos para a vitória e a felicidade. Por outro lado, o desenho representa o carácter chinês “jing”, fazendo referência à designação da cidade organizadora do evento - Beijing.
O vermelho tem sido a cor predominante nos objectos e imagens relacionadas com as Olimpíadas de 2008, visto possuir um grande significado para a cultura chinesa. A cor é associada à alegria, simboliza o vigor e representa a bênção e hospitalidade da China.
Têm 70 milímetros de diâmetro, seis milímetros de espessura e são a meta dos milhares de atletas dos 200 países que vão marcar presença em Pequim no dia 8 de Agosto. As medalhas de “jade embutido em ouro” são elogiadas como “verdadeiros requintes da arte oriental”, distinguindo-se das demais devido à pedra de jade no centro.
As mascotes Fuwa foram inspiradas nas cores dos anéis olímpicos e nas vastas terras montanhosas, rios, lagos e mares da China, bem como nos animais mais queridos pelo povo chinês. Beibei, Jingjing, Yinguing, Nini e Huanhuan representam o peixe, o panda, o antílope tibetano, a andorinha e a chama olímpica, respectivamente. Se juntarmos os nomes dos cinco Fuwa obtemos em mandarim a frase na língua inglesa correspondente a “Bem-vindo a Pequim”. Os cinco “simpáticos amigos” foram nomeados mascotes da edição deste ano dos Jogos Olímpicos no dia 11 de Novembro de 2005.
O objecto dos Jogos de Pequim que bate recordes em simbologias é a tocha. Os desenhos da parte superior são nuvens flutuantes que representam a “origem comum, a harmonia e a integração do mundo”. Valores que são comuns ao espírito olímpico. A forma de papiro tradicional simboliza a civilização humana. Por sua vez, a laca vermelha também utilizada no modelo é a característica que mais diferencia a tocha dos Jogos Olímpicos de Pequim das competições anteriores, remetendo para uma técnica que apareceu pela primeira vez na Dinastia Han. A proporção entre as extremidades pretende transmitir a ideia de elegância e dignidade.
Ao longo deste ano, a tocha com as “nuvens auspiciosas” vai participar na mais longa e extensa caminhada da história das Olimpíadas, sendo transportada pelo maior número de pessoas de sempre, numa viagem que atravessa os cinco continentes.Alexandra Lages
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