sexta-feira, 11 de abril de 2008

Líderes mundiais reunidos no Fórum Boao em Hainão, Mestrados e doutoramentos em Macau

Líderes mundiais reunidos no Fórum Boao em Hainão

Por uma Ásia “verde”

O presidente da China, Hu Jintao, não poderia faltar. Começa hoje, em Hainão, o Fórum Boao para a Ásia, uma reunião anual que congrega líderes mundiais e que este ano terá por tema principal a protecção do ambiente. Esperam-se personalidades como o primeiro-ministro da Austrália, Kevin Rudd, o Presidente do Paquistão, Pervez Musharraf, e empresários para, num ambiente informal, discutirem questões ligadas ao desenvolvimento económico. Uma oportunidade anual que vem enfatizar “a crescente importância que a China tem na senda internacional, congregando líderes que não são só políticos nacionais, mas também empresários famosos e académicos”, conforme declarou ao Tai Chung Pou o presidente do Instituto de Estudos Europeus, José Sales Marques.
Sendo equiparado ao Fórum Davos, na Suiça, o Fórum Boao para a Ásia é uma oportunidade importante “para troca de informações”, marcando “o papel da China como facilitador do diálogo”, focando aspectos de “desenvolvimento económico e segurança”. Sempre num “ambiente informal”. Estando, provavelmente, longe do palco questões políticas como a da independência de Taiwan, é de realçar ainda a presença já confirmada do vice-presidente eleito da ilha, Vincent Siew. A ideia é que “a cooperação na Ásia seja uma ‘win-win situation’, em que todos têm a ganhar”, afirma Sales Marques.
Numa recente conferência de imprensa, o secretário-geral da iniciativa, Long Yongtu, dizia que “a força do painel de oradores para o evento deste ano é um testemunho da importância e influência do Fórum Boao para a Ásia”, tendo-se tornado “uma plataforma de discussão para o futuro político, económico e social do continente”. Serão três dias de debate que, conforme informação veiculada no site da Internet, irá procurar “encaminhar-se rumo à eficiência energética, de forma a assegurar o futuro da Ásia através das fontes de energia renováveis”.
Em declarações também publicadas no site, o primeiro-ministro da Austrália, Kevin Rudd, afirmou estar “ansioso” por contribuir para tais discussões. “Tenho uma ligação pessoal à China, e estou muito contente por ter a possibilidade de regressar. Mas, mais importante, estou entusiasmado por poder ter algo a dizer neste diálogo”, diz.
Recorde-se que o vice-presidente eleito de Taiwan, Vincent Siew, afirmou esperar encontrar-se com os dirigentes chineses no Fórum Boao. Salientando não poder dizer se os encontros que prevê manter incluem o Presidente Hu Jintao, Vincent Siew disse que "durante anos" se encontrou com os principais dirigentes chineses no fórum e que este ano espera o mesmo. O mesmo responsável escusou-se, contudo, a dizer quando é que poderia encontrar-se com Hu Jintao, e garantiu "respeitar os preparativos da organização". O vice-presidente eleito já participou cinco vezes no fórum Boao como presidente da Fundação para o Mercado Comum do Estreito de Taiwan, uma organização não-governamental por si criada, e já esteve reunido com o Presidente chinês. "Considero o fórum como uma oportunidade para expandir as operações económicas de Taiwan para outros pontos do globo e irei aproveitar a reunião para demonstrar a sinceridade e boa vontade de Taiwan ao continente chinês e fazer disso a nossa base de mútua confiança", afirmou Vincent Siew.
O Fórum Boao para a Ásia deverá contar com cerca de mil participantes de cerca de 12 países. Entre os principais intervenientes, contam-se, além dos já mencionados, a Presidente do Chile, Michelle Bachelet, o primeiro-ministro do Cazaquistão, Karim Massimov, o Presidente da Mongólia, Nambar Enkhbayara, os Chefes do Executivo de Macau e Hong Kong, além do antigo secretário de Estado dos EUA, Colin Powell. Uma longa lista de nomes sonantes à qual se juntam ainda vários empresários.
Luciana Leitão
Fotografia: Xinhua

Governo organiza evento internacional sobre protecção ambiental

Macau, aquela plataforma

Comércio, economia e agora também o ambiente. O Governo quer transformar Macau numa plataforma de cooperação de tecnologias para as indústrias amigas do ambiente, tanto ao nível regional como internacional. É com este objectivo que vai ser organizada, entre os dias 23 e 25 deste mês, a primeira edição do Fórum e Exposição Internacional de Cooperação Ambiental Macau 2008 (MIECF, na sigla inglesa), que terá lugar no Centro de Exposições e Convenções do Venetian. O evento traz ao território 54 personalidades e especialistas na matéria, oriundos de 15 países e regiões, além de mais de uma centena de empresas (ver texto nesta página).
Água, Energia e Desenvolvimento Sustentável serão as três palavras de ordem durante o seminário. “São três questões que levantam preocupações a nível internacional”, explicou a presidente substituta da comissão executiva do Conselho do Ambiente, Vong Man Hung, durante a conferência de imprensa que se realizou ontem. “É a primeira vez que este tipo de evento é organizado em Macau e queremos ser uma plataforma de cooperação para os nossos vizinhos do Delta do Rio das Pérolas e o exterior”, frisou a mesma responsável.
“Macau pode tirar partido das vantagens geográficas e económicas, assumindo-se como uma plataforma de intercâmbio entre a China e os países europeus, nomeadamente no que toca à introdução de políticas e tecnologias de protecção ambiental dos países da Europa, com o objectivo de promover a conservação da água e energia e as indústrias de reciclagem na China”, defendeu, por sua vez, a vogal da comissão executiva do Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau, Echo Chan.
O MIECF representa a quarta aposta deste ano do Governo centrada no ambiente. Recorde-se que, em Janeiro, Macau aderiu ao protocolo de Quioto, ao mesmo tempo que foi lançado o regulamento administrativo que proíbe a comercialização de motas com motor de combustão interna a dois tempos e estabelece limites de emissão de gases aos diferentes modelos de motociclos. No final do próximo ano ou no início de 2010, prevê-se que o gás natural já esteja disponível para uso doméstico.
Quanto a novidades, Vong Man Hung nada adiantou. Questionada sobre medidas aplicadas nos grandes empreendimentos turísticos que estão actualmente em construção, como os casinos, a representante do Conselho do Ambiente apenas salientou que “o sector hoteleiro está a ser encorajado para adoptar esquemas mais verdes de consumo de água e energia, através do concurso para o hotel mais amigo do ambiente”.
Ao longo dos três dias do seminário, as apresentações vão basear-se em diversas matérias, destacando-se a “Agenda para a cooperação internacional”, “Poupança de energia e redução de emissões” e “Cidades inteligentes/ecológicas e políticas sustentadas para os transportes”. A título de exemplo, os oradores vão focar-se em questões ambientais e soluções eficazes, nas tecnologias que podem ser aplicadas nas diferentes indústrias e como podem as tecnologias ecológicas de baixo custo contribuir para suster parte dos danos provocados ao meio ambiente.
Durante o evento, serão ainda abordadas estratégias para que os países se possam comprometer com políticas públicas que visem impulsionar a inovação no que toca à protecção ambiental.

Empresas de Macau expõem tecnologias de protecção ambiental

São 26 os representantes locais na primeira edição na Exposição Internacional de Cooperação Ambiental Macau 2008, um evento que se realiza no Centro de Convenções e Exposições no Venetian, entre os dias 23 e 25 deste mês. A par de seminários, a iniciativa inclui uma mostra na qual uma centena de empresas oriundas de várias regiões chinesas e do estrangeiro vão exibir tecnologias de protecção ambiental.
De acordo com a vogal da comissão executiva do Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau, Echo Chan, um total de 115 entidades e empresas irão colocar expositores no espaço destinado à exposição, que terá uma área de 6900 metros quadrados. O Pavilhão de Macau vai marcar presença no evento, com 69 stands e 26 participantes, incluindo departamentos do Governo.
A área do Delta do Rio das Pérolas tem um total de 813 metros quadrados. São 80 as empresas provenientes das diferentes províncias e regiões e vão mostrar os mais recentes desenvolvimentos no sector das indústrias verdes.
Nos primeiros dois dias do MIECF, as portas do espaço da exposição estão abertas apenas a representantes do sector empresarial. Na mostra, será ainda possível conhecer as ofertas amigas do ambiente de outros países fora do contexto asiático, como Portugal e Suécia, por exemplo.
Alexandra Lages

Abertas as inscrições para mestrados e doutoramentos em Macau

A um passo do conhecimento

Existem inúmeras áreas de investigação disponíveis em Macau para quem deseja aprofundar o conhecimento. Pós-graduações, mestrados e doutoramentos são alguns dos meios para o conseguir. As datas em que têm início variam conforme as instituições de ensino, mas normalmente são dois os períodos: Setembro e Fevereiro.
Neste momento, as inscrições estão abertas para os mestrados que vão iniciar no último trimestre do ano. Até ao próximo dia 25 os interessados podem matricular-se nos mestrados e pós-graduações que vão decorrer na Universidade de Macau (ver caixa). Esta é também a altura certa para se candidatar aos cursos de investigação, que conferem o grau de mestrado ou doutoramento, no Instituto Inter-Universitário de Macau (IIUM).
O professor Ivo Carneiro de Sousa, vice-reitor para a Investigação e Relações Internacionais do IIUM, confirma que a investigação é a grande aposta estratégica e afirma, sem receios de interpretação, que a instituição “é pequena e de elite”.
Está em curso, pela primeira vez, um mestrado em Estudos Comparados entre China e Europa, que começou em Fevereiro deste ano, e em Setembro arrancam três novas áreas de investigação - Estudos Latino-Americanos, Estudos Lusófonos e Estudos da Mulher - , totalizando quinze mestrados diferentes. Mais de 190 interessados já entregaram as candidaturas para ingressar nos mestrados e 36 tencionam realizar o doutoramento.
A frequência das aulas divide-se por módulos, o que “flexibiliza o estudo”. Caso alguém inicie o mestrado fora dos prazos, frequentará os módulos em falta no ano seguinte.
As portas abriram-se para a investigação em 1997, com um mestrado em Educação, um ano após a fundação do Instituto Inter-Universitário no território, que resultou de uma parceria entre a Universidade Católica Portuguesa e a Diocese de Macau.
Ainda hoje a investigação em Educação é a mais procurada, a par do MBA (Master in Business Administration).
No campo da Educação, Ivo Carneiro de Sousa destaca teses relevantes.
Porque é que os alunos estudam língua inglesa durante 10 ou 12 anos, mas chegam ao fim sem saber falar? Este foi o problema levantado por uma das teses, relativamente ao ensino de inglês nas escolas de Macau. A investigação deu origem a algumas respostas. “Como o inglês não é uma língua de comunicação, dificilmente era falada pelos alunos”, revela Ivo Carneiro de Sousa, adiantando que o sistema de ensino também estaria na origem do problema, pois “sendo essencialmente baseado na memorização, não permitia aos alunos aplicar os conceitos gramaticais na comunicação oral”.
A necessidade da criação de um centro de professores (Teacher’s Centre) foi fundamentada por uma outra tese de mestrado. O centro “permitiria o encontro de professores, e consequente partilha de experiências e recursos, num espaço que privilegiaria a comunicação transversal, distante de regulamentos e da estrutura vertical de cada estabelecimento de ensino”, explica. “A criação deste núcleo implicaria a reorganização da profissão”, conclui o responsável.
Também noutras áreas vão surgindo abordagens interessantes. Por exemplo, no mestrado de História e Património estão a ser feitos estudos sobre pátios de Macau, farmácias chinesas, além de um arquitecto chinês “estar a debruçar-se sobre o Porto Interior”.
O vice-reitor para a investigação constata que há muitas pessoas que “ainda não perceberam que Macau tem um património único, sendo a única cidade europeia na Ásia e, ao mesmo tempo, uma cidade chinesa muito antiga”, em que não há grandes cruzamentos ou misturas. O responsável dá como exemplo as fábricas de panchões, que estão também a ser alvo de uma outra investigação, em que a arquitectura é semelhante, não por uma influência natural ou cruzamento de culturas, mas “por imposição de regulamentos militares que remontam ao séc. XIX”.
O professor é da opinião que “uma tese não termina na sua defesa”. Existem duas hipóteses em cima da mesa: “Ou fica a dormir numa prateleira ou é dada a conhecer”.
Mediante os estudos válidos e projectos inteligentes que ali vê nascer, frisa que uma das funções da instituição de ensino superior em que está inserido é sempre “promover a divulgação na comunidade científica”, através da publicação de artigos em revistas ou jornais de âmbito internacional ou proporcionando a participação em conferências e seminários, usando o inglês como língua veicular “para atingir o máximo de pessoas possível”, esclarece.
O objectivo principal no campo da investigação, seja ao nível de mestrados ou doutoramentos, é cumprir as áreas estratégias que a instituição definiu: Globalização e os seus impactos; Mudança Social e Desenvolvimento Sustentável, abrangendo três grandes áreas geográficas como a região do Delta do Rio das Pérolas, Sudeste Asiático (Indonésia, Tailândia, Filipinas) e os países lusófonos.
Quanto às novas áreas de investigação que vão começar em Setembro, Ivo Sousa espera ver “estudos comparados entre a América Latina e a China, no âmbito da política, da sociedade, relacionando os níveis de integração regional ou a circulação nos mercados globais”, no caso do mestrado em Estudos Latino-americanos.
Nas comemorações do Dia Internacional da Mulher, surgiram também abordagens que gostaria que fossem trabalhadas no mestrado de Estudos da Mulher, como “o problema do tráfico humano, a prostituição, a subalternidade no trabalho, os direitos associados à maternidade”, entre outros.
Já no caso dos Estudos Lusófonos, o vice-reitor considera importantes as “investigações comparadas por sector, por exemplo, em matéria de florestas, pesca, têxteis, sistema bancário, em países como Moçambique ou Angola”, uma vez que Macau é um território que serve de plataforma entre a China e os países lusófonos e cuja análise em determinadas áreas é “bastante necessária”.
Para 2009, um novo doutoramento poderá arrancar no IIUM, denominado Estudos Globais, cujo mês limite de inscrições é Outubro deste ano.
Até à data, têm sido possível superar dificuldades na contratação de docentes especializados, mas se o objectivo é evoluir para esta área e outras, como Psicologia Social, Psicologia Jurídica ou Arquitectura, vai tornar-se um desafio complicado. “Vamos ter de competir com outras universidades que também solicitam a mesma massa crítica que nós”, remata o professor, que desabafa: “Por exemplo, em Macau só existe uma pessoa doutorada em Arquitectura!”

A investigação na Universidade de Macau e no Instituto Politécnico

Na Universidade de Macau, a maioria das faculdades disponibiliza formação que vai para além do grau de licenciatura. Na faculdade de Direito, além das pós-graduações de Introdução ao Direito de Macau – curta duração e do Curso de Adaptação ao Direito de Macau, entre outras, destinadas especialmente aos licenciados que chegam ao território para trabalhar, são proporcionados também mestrados em Ciências Jurídicas e Ciências Jurídico-Políticas em língua veicular portuguesa. Estudos específicos em Direito Internacional, Direito da União Europeia ou Sistemas Jurídicos Comparados são outras possibilidades mas, desta feita, em língua inglesa.
A Faculdade de Gestão de Empresas conta com um MBA (Master in Business Administration).
Na Educação, os mestrados desdobram-se em áreas específicas: Administração Educacional, Psicologia Educacional, Currículo e Ensino. O único que tem a indicação de que não irá abrir vagas é o mestrado de Educação em Aconselhamento Escolar.
Na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, o Departamento de Comunicação confere também a possibilidade de estudar Comunicação e Novos Media (em inglês).
No Departamento de Português, dirigido por Alan Baxter, as ofertas variam entre Língua e Cultura Portuguesa (Linguística, Literatura e História) e Tradução. Já o Departamento de Psicologia não oferece a opção de mestrado.
Em alguns casos pode concluir-se o mestrado em dois anos, ou entre três a quatro anos, como é o caso da maioria dos programas de mestrado da Faculdade de Ciência e Tecnologia.
O Centro de Educação Contínua da Universidade de Macau organiza diversos cursos, seminários e workshops, mas no que diz respeito a mestrados, Olívia Lei, do Centro, disse que estão ainda na fase de planeamento, pelo que nada pode adiantar. “Talvez em Setembro já haja novidades”.
O Instituto Politécnico de Macau estabeleceu parcerias com várias universidades chinesas e também com algumas instituições de ensino superior sediadas em Hong Kong e Inglaterra, para possibilitarem aos alunos o acesso ao grau de mestrado. As áreas de formação vão da educação física às telecomunicações, passando pela enfermagem.

Sandra Gomes
Fotografia: António Falcão/ bloomland.cn

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