Sagrada chama
A polémica tem acompanhado a viagem da tocha olímpica desde que a chama sagrada foi acesa na cidade de Olímpia, na Grécia. O percurso, que tem como mote “Jornada da Harmonia”, pouco ou nada tem tido de harmonioso. Os portadores da tocha têm sido acompanhados por fortes escoltas policiais, devido aos protestos contra a ocupação chinesa no Tibete.
Uma situação à qual a RAEM pode não escapar. O vice-presidente do Comité Olímpico de Macau (COM), Manuel Silvério, avançou que o transporte do símbolo dos Jogos Olímpicos de Pequim está a ser preparado “há vários meses”, tendo especial incidência nas questões de segurança. Por sua vez, o Corpo da Polícia de Segurança Pública (CPSP) garante que existe mão-de-obra suficiente para o evento. A chama olímpica vai percorrer as ruas de Macau no dia 3 do próximo mês.
“Há uma possibilidade [de surgirem perturbações na passagem da tocha em Macau] e temos uma responsabilidade acrescida depois de termos assistido aos últimos acontecimentos na Europa. Estaremos preparados para qualquer imprevisto”, afirmou Manuel Silvério.
Grupos de manifestantes contrários à política da China para Tibete e em matéria de Direitos Humanos perturbaram o percurso da tocha em Londres e Paris nos últimos dias. A organização do percurso da tocha na capital francesa foi obrigada a cancelar a última parte do trajecto, depois de vários manifestantes terem tentado impedir os atletas de carregar a tocha e apagar a chama com água.
A polícia de Paris referiu mesmo que a tocha olímpica se apagou devido a problemas técnicos. No entanto, a organização dos Jogos defendeu que a chama nunca chegou a ser extinguida.
De acordo com o também presidente da Associação dos Comités Olímpicos de Língua Oficial Portuguesa (ACOLOP), existe uma comissão responsável pela organização e preparação de todos os pormenores do transporte da chama olímpica que já se reúne “há vários meses”. O organismo coordenado pelo mesmo responsável é formado por 10 serviços públicos, incluindo todos os sectores ligados à Segurança.
“O plano de segurança já está todo delineado e testado. Tudo faremos para proteger a chama e vamos ter todos os últimos incidentes em conta”, salientou Manuel Silvério.
Os detalhes serão divulgados “mais tarde”, avançou ao Tai Chung Pou o departamento de relações públicas do CPSP. Neste momento, as forças policiais estão a limar as últimas arestas do plano de segurança. Quanto ao número de agentes que serão recrutados para a escolta da tocha, as autoridades apenas adiantam que “existe suficiente mão-de-obra para os trabalhos de acompanhamento da tocha”.
Do outro lado do Delta do Rio das Pérolas, os serviços de imigração de Hong Kong não vão deixar entrar “pessoas indesejáveis” na região. A garantia foi deixada há dias pelo secretário para a Segurança da RAEHK, Ambrose Lee.
Para o transporte do símbolo dos Jogos Olímpicos em Macau, já estão inscritas 120 pessoas, oriundas do mundo do desporto, funcionários, dirigentes e chefias do Governo da RAEM, bem como entidades privadas. Deste conjunto, destacam-se os presidentes de três comités olímpicos de países de língua portuguesa.
Além de Manuel Silvério, o percurso da tocha olímpica em Macau terá como portadores Vicente Moura, Franklim Palma e Marcelino Macombe, respectivamente presidentes dos Comités Olímpicos de Portugal, Cabo Verde e Moçambique. Inicialmente, João Costa Alegre, presidente do Comité Olímpico de São Tomé e Príncipe, e Carlos Arthur Nuzman, líder do Comité Olímpico Brasileiro, integraram também a lista do transporte da tocha, mas tiveram de anular a sua participação por questões de agenda.
A tocha olímpica vai percorrer as principais artérias de Macau, incluindo locais turísticos, e a Taipa. O ponto de partida e de chegada é o mesmo, a Doca dos Pescadores, num circuito com uma extensão de 26 quilómetros e uma duração de oito horas.
Relativamente aos protestos no Tibete contra o domínio de Pequim durante o percurso da tocha, o presidente da ACOLOP reiterou o seu “repúdio pelas ingerências externas” neste evento. “É lamentável tudo o que tem acontecido. Estas organizações internacionais ou pessoas individuais devem respeitar o que está a ser feito à volta da juventude e do desporto.”
O percurso da tocha olímpica continua, desta vez do outro lado do Oceano Atlântico, na cidade norte-americana de São Francisco, onde também já decorreram manifestações contra a China.
Alexandra Lages
Fotografia: Agência Xinhua
Organismo queria retirar todas as regalias a directora-adjunta
Tribunal diz que AMCM não tem razão
Tribunal diz que AMCM não tem razão
O Tribunal de Última Instância (TUI) indeferiu um recurso apresentado pela Autoridade Monetária de Macau (AMCM), num caso que envolve uma directora-adjunta do organismo. A história começou há já alguns anos e envolve o pagamento de regalias que a trabalhadora deixou de ter, por força de uma deliberação do conselho de administração da entidade. O desfecho foi conhecido recentemente: num acórdão datado do passado dia 2, o TUI diz que a Autoridade Monetária não tem razão e explica que o organismo tem que respeitar a posição que o Tribunal de Segunda Instância (TSI) já tinha tomado sobre o assunto. Ou seja, a funcionária tem direito a determinadas regalias, que não lhe podem se retiradas pelo empregador.
A directora-adjunta tinha apresentado recurso de uma deliberação que implicava a perda de regalias que auferia. Destituída das funções de direcção, tinha regressado ao grupo, funções e categoria que detinha antes de ser nomeada mas, segundo argumentou a funcionária, a sua nomeação tinha sido feita a título definitivo, e não numa comissão de serviço. Por isso, sustentou, junto da segunda instância, o carácter efectivo da sua nomeação, considerando que a deliberação em causa tinha violado os seus direitos adquiridos.
A trabalhadora alegou ainda que havia, dentro da Autoridade Monetária de Macau, tratamento diferente para situação igual, uma vez que um outro director-adjunto, que não se encontrava, tal como ela, no exercício de funções de qualquer cargo de direcção ou chefia, tinha continuado a beneficiar das regalias que lhe tinham sido, a ela, retiradas.
O TSI deu parcialmente razão à directora-adjunta e declarou ilegal parte da deliberação da AMCM: mesmo tendo deixado de exercer o cargo, a funcionária tinha direito a receber as regalias referentes à energia eléctrica, água e telefone da habitação. A mesma instância não deu, contudo, razão à pretensão da funcionária no que toca ao parque automóvel, cartão de crédito para despesas de representação, utilização de gabinete individual de trabalho, utilização de telemóvel com chamadas pagas e atribuição de dois jornais diários, pelo que deixou de ter, efectivamente, estas regalias.
A Autoridade Monetária não ficou satisfeita com a decisão do TSI e apresentou recurso jurisdicional à última instância. O tribunal analisou o decidido pela segunda instância, bem como os estatutos da Autoridade Monetária que definem a retribuição mensal efectiva, concluindo que as despesas com o pagamento da energia eléctrica, água e telefone são pagas mensalmente e têm carácter de regularidade e permanência. Porque são prestações em espécie que têm natureza salarial, concluiu o TUI, fazem parte da retribuição mensal efectiva, pelo que a directora-adjunta continua a ter direito a receber o dinheiro referente às despesas com a habitação.
Isabel Castro
Seminário sobre luta contra o aquecimento global
Mais fácil do que se pensa
Mais fácil do que se pensa
É tudo uma questão de ideias pré-concebidas, que convém desmistificar. Construir a pensar no ambiente pode trazer vantagens, tanto ao nível operacional como em termos da própria construção mas, para que tal aconteça, há um longo caminho que tem que ser feito. “É preciso construir uma consciência colectiva”, defende Rui Leão, vice-presidente da Associação de Arquitectos de Macau.
De nada adianta a um arquitecto conceber projectos ecológicos, se o construtor não quiser apostar na tecnologia certa ou o cliente não estiver disponível para aceitar uma encomenda ecologicamente respeitadora. Rui Leão assegura que “há esquemas bastante simples e tipos de construção” que permitem reduzir, por exemplo, a emissão de gases que contribuem para a poluição geral do planeta. E desengane-se quem acha que estas novas soluções são mais caras. Pelo contrário, assegura, há contrapartidas económicas imediatas e muitas mais a longo prazo, já para não falar no que realmente interessa: a saúde de toda a gente.
É a pensar na necessidade de se proteger o ambiente enquanto se concebem edifícios que a Associação dos Arquitectos de Macau organiza, no próximo sábado, um seminário sobre o aquecimento global. “É o primeiro deste género que se faz cá”, sublinhou ao Tai Chung Pou o vice-presidente da organização. A ideia é sensibilizar os profissionais da área para a temática. Mas também os outros intervenientes, que acabam por ser todos os residentes.
Organizado com o apoio do Hong Kong Civic Exchange, o seminário “Climate Disruption” vai servir ainda para apresentar um relatório elaborado pela Associação dos Advogados em conjunto com a entidade da antiga colónia britânica que versa, precisamente, sobre a emissão de gases nocivos ao ambiente resultantes do sector da construção.
Para o seminário, que tem início marcado às 14h30, os arquitectos de Macau convidaram Christine Loh, fundadora e directora executiva da Hong Kong Civic Exchange, e Bill Baron, professor do Instituto para o Ambiente da Universidade de Ciência e Tecnologia da RAEHK. A trabalhar no território vizinho desde 1989, este especialista tem sobretudo focado, na sua actividade, as políticas ambientais urbanas.
Além da discussão sobre a situação geral sobre o aquecimento global, haverá um painel de debate relativo às consequências sentidas em Macau. Para esta parte do seminário, a organização convidou o Conselho do Ambiente de Macau para se fazer representar.
A iniciativa da Associação de Arquitectos de Macau terá lugar na sede da instituição, na Avenida Coronel Mesquita.
Isabel Castro
O cinema é a “satisfação completa do nosso apetite de ilusão”, dizia A. Bazin. Apetite esse que será saciado a partir de hoje, no Albergue da Santa Casa da Misericórdia, com o filme “O Amante”, de Jean Jacques Arnaud, que marca o arranque do ciclo “Oriente-Ocidente”. Até ao dia 7 de Junho, estarão em exibição 15 filmes escolhidos pelo tema e importância no seio da indústria cinematográfica, que contarão com uma pequena apresentação a cargo de algumas figuras emblemáticas da vida artística e profissional de Macau. Hoje será a vez de Carlos Marreiros.
“É criar um precedente que não existe, que leve as pessoas às salas de cinema, criar uma iniciativa com alguma regularidade que constitua uma alternativa aos cinemas de Macau”, explica o realizador Tomé Quadros, um dos responsáveis pela escolha da programação. Os filmes foram “pensados”, não se inserindo apenas no circuito comercial.
Foi a resposta a um repto lançado pelo advogado Frederico Rato. “Foi-nos pedido que se fizesse um ciclo de cinema, utilizando a estrutura da Casa de Portugal, proporcionando alguma reflexão, que levasse as pessoas a aderir à iniciativa, que não fosse muito complexo para que no futuro possa levar a outras iniciativas do género”, conta. Tendo um espaço disponível, como o Albergue da Santa Casa da Misericórdia, tentou-se “partir do geral [o tema Oriente-Ocidente, East meets West] para o particular, abrangendo filmes que são ícones”. Convidaram-se pessoas de diferentes áreas profissionais e artísticas para apresentar cada um dos filmes, de forma a mostrar as “diferentes perspectivas do cinema”. Não se estranhe, por isso, se se vir o médico Alfredo Ritchie a apresentar “O Véu Pintado”, filme realizado por John Curran, cuja personagem principal é um médico de doenças contagiosas a trabalhar em Xangai.
Contente com a iniciativa, a presidente da Casa de Portugal, Amélia António, afirma que não é uma ideia nova. O que é novo é a existência de um espaço, como a Galeria do Albergue da Santa Casa da Misericórdia, que possibilita este tipo de projectos. “Há muito tempo que procurávamos encontrar um núcleo que dinamizasse esta área”, diz. Até porque, “não se pode esperar que sejam sempre as pessoas da direcção a dinamizar tudo”, caso contrário “muita coisa fica por fazer”, remata.
Os apresentadores dos filmes foram escolhidos “por gostarem de cinema” e terem “aptidão” para um tema em particular. Os filmes que se enquadram no tema “Ocidente-Oriente” estão relacionados “com enquadramentos sociais ou históricos” que surgem de um “encontro entre dois mundos”. São, por isso, 15 filmes que têm em comum “esta linha condutora”.
O acesso é livre e gratuito, tendo como único objectivo “o puro entretenimento, convívio e dar uma motivação para o gosto pelo cinema“. Uma iniciativa que vem apresentar ao público dois filmes por semana, às quartas-feiras e sábados, apresentados por personalidades como o arquitecto Carlos Marreiros, o cônsul Moitinho de Almeida, o médico Alfredo Ritchie, o historiador Jorge Cavalheiro ou a presidente do IPOR Maria Helena Rodrigues. Pessoas de Macau que falam sobre o cinema do mundo em que o Oriente se cruza com o Ocidente.
Luciana Leitão
Olhar para o templo de Pak Tai
Aniversário do deus do Norte
Aniversário do deus do Norte
No terceiro dia da terceira Lua comemorou-se o aniversário de Pak Tai, conhecido em mandarim por Bei Dii.
As festividades começaram na passada segunda-feira e estendem-se até ao dia 10, sendo o dia 8 o mais importante, quando se realizou a dança do leão e do dragão e os crentes aí se dirigem em maior número. Por isso, ontem dirigimo-nos para a Taipa onde, no largo de Camões, está situado o templo de Pak Tai.
Construído em 1843, sofreu reparações em 1882 e em 1984. Teve um pavilhão central e dois laterais mas, como os custos eram grandes e a população da Taipa não conseguia suportar tais encargos, um dos lados foi arrendado a uma fábrica de tecelagem e o outro pavilhão lateral passou a habitação de uma família. História que vem contada por Leonel Barros no livro “Templos, Lendas e Rituais”. Ficou assim o templo reduzido ao pavilhão central onde, logo na porta de entrada, se encontram caracteres com o mais antigo nome da ilha da Taipa Grande. Na porta de dentro lê-se outro dos nomes por que era conhecida esta ilha. O sino, datado de 1844, é o objecto mais antigo do templo, sendo muito do rico recheio proveniente de 1882. Com três altares, é no central que se encontra a imagem da divindade taoista Pak Tai. Procurando discernir os elementos que a caracterizam, apesar de saber que ela tinha por baixo dos seus pés uma serpente no lado direito e uma tartaruga no esquerdo, assim como segurava na mão direita uma bandeira vermelha com caracteres dourados, nada disso conseguimos ver. As bandeiras vermelhas, com caracteres escritos a preto, encontrei-as nas mãos de devotos que as colocavam na mesa, de frente para o altar, cheia de oferendas como laranjas, bolos e vinho.
Leonel Barros diz-nos ser Pak Tai um príncipe que, com coragem, comandou 12 legiões celestes numa luta contra um Rei-Demónio que pretendia devastar a Terra. “A lenda chinesa que lhe está associada conta que teve de lutar contra uma enorme tartaruga e uma comprida serpente que, no final, acabou por derrotar, derrubando assim o demoníaco soberano.”
Na dinastia Han, as cinco direcções estavam associadas a cinco imperadores e o do Norte era representado por uma serpente enlaçanda numa tartaruga, com a virtude da água e simbolizando o Inverno.
Foi durante a dinastia Song que este deus, o Imperador Preto, começou a ser representado com a imagem de uma pessoa, o segundo Soberano, Zhuanxu, que viveu entre 2513 e 2436 a.C..
Este Imperador-deus é também um dos quatro reis-guardiões do budismo e durante a dinastia Yuan (1271-1368) foi-lhe prestado um especial culto, já que dominava o Norte, de onde esta dinastia era proveniente. Mas só na dinastia Ming ganha um lugar de destaque.
A História conta que Zhu Di, nascido em 1360 e o quarto filho do imperador Tai Zu, o fundador da dinastia Ming, foi nomeado rei de Yan quando tinha 10 anos. Aos 20 anos partiu de Nanjing para governar Beiping, pois as fronteiras do Norte encontravam-se ameaçadas pelo que restava das forças da dinastia Yuan. Em 1390 e após 10 anos de duros combates, derrotou as forças mongóis e conseguiu a rendição do ex-primeiro-ministro e de todas as suas tropas. Devido à necessidade de um grande número de soldados e de uma grande força bélica, Zhu Di conseguiu reunir um grande exército, algo que seu pai tentou que não existisse ao dispor de nenhum dos seus filhos. Em 1398 morreu Tai Zu, sucedendo-lhe o neto Yunwen, que por sua vez era sobrinho de Zhu Di. Yunwen ficou conhecido como imperador Hui Di. Este, consciente da sua posição perante os seus tios, resolveu tirar-lhes a maior parte das suas tropas, enfraquecendo-os. Apenas o príncipe de Yan, Zhu Di, continuou muito poderoso, devido às ainda constantes ameaças dos mongóis vindo do Norte. O então imperador Hui Di, por conselho dos seus ministros e receando a grande força que o seu tio dispunha, envia um grande número de tropas para prender Zhu Di e a sua família. As tropas cercaram Beiping em 1399, mas Zhu Di não se encontrava lá. Zhu Di regressa a Beiping e Zheng He aconselha-o com planos estratégicos como combater o exército de Hui Di. Na batalha de Zhengcunba, Zheng He combateu com muita bravura tendo metade do exército de Hui Di morrido e a outra metade rendido-se. Com o pretexto de combater os preversos da corte que viviam em redor do imperador, Zhu Di marchou para Nanjing com o seu exército. Antes de iniciar esta aventura escuta um mestre tauísta que lhe recomenda, para ter sucesso, pedir a ajuda ao deus Bei Di, o imperador do Norte. Assim, após 4 anos de combates, derrotou as forças de Yunwen em 1402, conquistando Nanjing (Nan=Sul), que por essa altura era ainda a capital da dinastia Ming.
Em 4 de Fevereiro de 1403, Zhu Di já como imperador Cheng Zu, proclamou que Beiping se passaria a chamar Beijing (o significado de Bei é Norte e Jing é capital), mobilizando mais de 136 mil famílias de Shanxi para irem viver em Beijing. Atingidos os objectivos, o imperador ordenou que fossem construídos templos em honra do deus-imperador do Norte em cada uma das prefeituras.
Bei Di é também considerado como a combinação de sete deuses do Norte e por isso controla essa zona, sendo reconhecido como deus da Água.
Ainda pelas palavras escritas por Leonel Barros ficamos a saber dos muitos feitos milagrosos que aconteceram na Taipa e atribuidos a Pak Tai. Para além de curar doentes, auxiliou a população quando a ilha estava para ser saqueada por piratas. Colocando um exército no local onde estes iriam desembarcar, o que muito amedrontou os invasores que fugiram, logo esses soldados desapareceram. Conta-nos também que num dos muitos incêndios que houve na Taipa, o fogo após devorar uma povoação estava-se a aproximar de uma outra contígua. A população desesperada, mandou alguém ir buscar a bandeira vermelha que se encontrava na mão direita de Pak Tai e agitando-a “o forte vento que soprava do quadrante Norte virasse para Sul, o que evitou que o fogo atingisse outras povoações”.
O Largo de Camões está ocupado por uma enorme estrutura de bambu coberta para proteger o palco onde, às 11h00, se realizou uma representação de ópera. Em frente ao templo, numa larga mesa encontram-se três enormes porcos assados, para além de outras oferendas. Após a chegada de novo ao recinto de três enormes dragões, que percorreram as ruas da Taipa, depois do chefe do Governo da RAEM lhes ter pintado os olhos, quatro leões também aí regressam. Todos os animais fazem uma vénia em frente à mesa de oferendas, entrando os leões no recinto do templo para se prostrarem perante o altar principal. Quando saem não viram as costas a Pak Tai, mas vão às recuas.
Pela praça, para além da mesa de oferendas, encontram-se mesas com comida onde as pessoas se vão servindo.
Assim, até amanhã, em frente ao Largo de Camões, é possível assistir a partir das 20hOO a um espectáculo de ópera em honra de Pak Tai.
Texto e fotografia: José Simões Morais
Artista plástico, estudioso de Questões Civilizacionais
Artista plástico, estudioso de Questões Civilizacionais
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