terça-feira, 18 de março de 2008

Hong Kong com medo de ficar para trás, Os homens da futura China

Possível expansão do aeroporto não é consensual

Hong Kong com medo de ficar para trás

O Governo de Hong Kong tem estado a ponderar a construção de uma terceira pista no aeroporto da cidade. No entanto, a ideia expansionista tem gerado alguma polémica na região: será que os benefícios para a cidade vão compensar os custos de um investimento desta envergadura?
Com serviços prestados a 47 milhões de passageiros em 2007, o Aeroporto Internacional de Hong Kong (AIHK) é, inquestionavelmente, o maior centro de aviação da Ásia. O recente desenvolvimento económico da região, principalmente da China, teve como consequência um aumento do número de passageiros do aeroporto, inaugurado em 1998, altura em que lidava com 31 milhões de viajantes por ano. No ano passado, o AIHK recebeu, em média, 810 aeronaves por dia, o que representa mais 81 por cento do que findos os primeiros doze meses de operações. Em Dezembro último, as duas pistas tinham uma taxa de ocupação de 95 por cento entre as 10h00 e as 19h00.
Dado o aumento substancial da procura da estrutura localizada em Chek Lap Kok, uma das soluções pensadas consiste na construção de mais uma pista. O primeiro plano de expansão foi oficialmente divulgado pela Autoridade do Aeroporto em Dezembro de 2006, altura em que se definiu a forma como a estrutura deverá evoluir nos próximos vinte anos. Um ano depois, foi concluído um estudo preliminar sobre o aumento da capacidade do aeroporto, elaborado por uma empresa britânica da especialidade, sendo que, para Maio deste ano, está prometida a publicação de uma outra análise sobre a construção da terceira pista.
O aeroporto suporta, neste momento, 54 aviões por hora, que poderão passar a ser 58 no próximo ano, através de uma já planeada melhoria do sistema de controlo de tráfego aéreo. Se todas as 46 medidas sugeridas pela empresa britânica forem seguidas – incluindo a relocalização de recursos humanos e a adopção de novos procedimentos de controlo de tráfego aéreo – as duas pistas poderão servir 68 aeronaves em 2015.
“Centros de aviação como Cantão e Xangai estão a planear construir a terceira, quarta e até mesmo a quinta pista. Se não decidirmos prontamente avançar para uma terceira pista, corremos o risco de deixar para os outros a capacidade de competição”, considera o presidente do conselho de administração da Cathay Pacific. Tony Tyler rejeita, desde já, a possibilidade de partilhar voos com o Aeroporto de Shenzhen, que seria ligado a Hong Kong através de um comboio rápido. Para o responsável pela companhia aérea da antiga colónia britânica, a construção da terceira pista é inevitável. “Todas as medidas que constranjam o desenvolvimento do AIHK serão prejudiciais à vida económica de Hong Kong”, disse recentemente.
O aumento da competitividade dos aeroportos da zona do Delta do Rio das Pérolas tem sido encarado como um sinal de alarme para o Aeroporto Internacional de Hong Kong. Embora a estrutura controle uma fatia de mercado totalmente desperdiçada pelo subaproveitado aeroporto de Zhuhai, as negociações com Shenzhen não correram da melhor forma e Cantão tem conhecido um grande crescimento, com voos para o Médio Oriente, a Europa e África. Os aeroportos andam à procura de formas de desenvolvimento e de capitalizar as potencialidades geradas pelas obras de expansão. Os negócios que o AIHK já faz parecem ser os alvos mais convenientes.
De acordo com uma pesquisa feita pelo Centro de Pesquisa da Universidade Chinesa de Aviação (CPUCA), divulgado em Dezembro de 2007, o aeroporto de Hong Kong atingirá a sua capacidade máxima em 2014, com as actuais duas pistas, sendo que uma terceira levará 12 anos a ser construída, isto se não houver atrasos. O mesmo relatório estima que mais uma pista aumentará em 30 por cento a capacidade da estrutura, com benefícios anuais de 56 mil milhões de dólares de Hong Kong. Quanto à poluição, implicará custos na ordem dos 400 milhões.
Law Cheung-kwok, um dos responsáveis do CPUCA, defendeu, em declarações recentes ao Wen Wei Pou, a construção da pista adicional, “custe o que custar”. E vai mais longe, ao afirmar que “Hong Kong deveria já começar a pensar na quarta pista e na possibilidade de um segundo aeroporto”. Mais uma vez, a China é o exemplo: “Xangai tem já dois grandes aeroportos e Pequim está a pensar em construir um segundo. Estão a ir ao encontro das suas necessidades. Pensar em transformar Shek Kong no nosso segundo aeroporto não é sonhar acordado.” Shek Kong é uma base aérea militar localizada nos Novos Territórios, mas há notícias que dão conta da dificuldade de aterragem de um DC-3 da década de 1930.
A convicção de Law Cheung-kwok não é partilhada por todos os peritos do sector. O antigo director do Departamento de Aviação Civil de Hong Kong, Peter Lok, faz contas diferentes aos benefícios e chega à conclusão de que a pista adicional não é sinónimo de mais cinquenta por cento da capacidade, devido ao congestionamento das rotas. A questão financeira também pesa: serão 50 mil milhões de dólares, o que equivale a quase metade da primeira fase do aeroporto, ultrapassando o orçamento da ponte do Delta.
Zheng Tian-xiang, professor da Universidade Sun Yat-sen de Cantão, entende que o projecto de 50 mil milhões é uma “missão impossível” para a Autoridade do Aeroporto de Hong Kong que, em 2006, teve lucros de apenas 1,9 mil milhões. Assim sendo, o docente recomenda ao AIHK a celebração de acordos com aeroportos nas redondezas e a introdução de mais destinos internacionais de modo a reforçar o aeroporto enquanto centro de características internacionais.
Ambientalistas dizem não ao projecto

A proposta de expansão do aeroporto de Hong Kong está longe de agradar aos grupos que se preocupam com questões ambientais. “Já foi um desastre há dez anos. Como é que é possível estarem a pensar em construir mais uma pista? Nem consigo imaginar”, exclamou Samuel Hung, presidente da Sociedade de Conservação dos Golfinhos de Hong Kong. Ao Tai Chung Pou, o responsável assegurou que, caso a Autoridade do Aeroporto lhe peça um parecer, levará um redondo “não”.
Os golfinhos brancos chineses – o símbolo da transferência de soberania de Hong Kong – são uma espécie com origem nas águas entre Tsuen Mun, nos Novos Territórios, e a ilha de Lantau. Hung explicou que a vida destes animais será seriamente perturbada se se avançar para a construção da pista, porque a água perde qualidade e o barulho aumenta, com a utilização de maquinaria e o aumento de embarcações. “A ponte entre Hong Kong, Macau e Zhuhai vai ter um impacto ambiental, mas os efeitos serão mínimos. Já a construção de aterros é diferente, porque se trata de uma ocupação do espaço. Não se pode devolver a terra ao mar.”
Para o responsável, a construção da travessia é já incontornável, pelo que é impensável levar a cabo, em simultâneo, outra construção que perturbe o habitat dos golfinhos. “O nosso mar está, neste momento, demasiado saturado para que sejam feitos mais aterros, a não ser que se pense que os golfinhos não têm qualquer importância e que podem ser sacrificados”, atirou.
Samuel Hung não acredita que o projecto reúna o apoio da população. Embora muitos dos aviões que aterram em Chep Lap Kok venham do mar, os bairros de Tsuen Wan, Tuen Mun e Ma Wan têm sofrido as consequências do barulho das aeronaves. O número de queixas tem vindo a aumentar: em 2005, ao Departamento de Aviação Civil chegaram 415 reclamações, mas em 2006 o número subiu para 442.
Segundo a Aviação Civil, os aviões que aterram entre as 23h00 e as 7h00 fazem uma rota diferente, para evitar que sobrevoem as áreas residenciais dos Novos Territórios. No entanto, as excepções decorrentes do aumento do tráfego aéreo provocam incómodos à população, até mesmo a quem vive longe do aeroporto. Como o plano para a terceira pista prevê a construção a norte dos actuais espaços para a aterragem, mais residentes de Tuen Mun e de Tsuen Wan serão afectados pelo barulho dos motores. Os conselhos de bairro já demonstraram as suas preocupações.
As obras de expansão dos aeroportos são, por norma, a melhor demonstração da divergência de interesses sociais e de conflitos significativos, como nos casos de Londres e de Tóquio. Em Hong Kong, o combate está já a ser preparado, embora o pano não tenha subido oficialmente – parece que demorará algum tempo a encontrar-se uma conclusão, mas talvez seja esta a forma como as pessoas preferem chegar a consenso.

Kahon Chan*, em Hong Kong,
com Isabel Castro

Órgão legislativo confirma nomeações para o Conselho de Estado

Os homens da futura China

A Assembleia Popular Nacional (APN) aprovou ontem a nova composição do Conselho de Estado da China. Os nomes, que surgem por indicação do primeiro-ministro Wen Jiabao, foram aprovados durante a sétima reunião plenária da APN.
Li Keqiang, Hui Liangyu, Zhang Dejiang e Wang Qishan passam assim a ser os vice-primeiros-ministros, sendo que Liu Yandong, Liang Guanglie, Ma Kai, Meng Jianzhu e Dai Bingguo receberam o aval do órgão legislativo para desempenharem as funções de conselheiros de Estado. Ma Kai foi também nomeado secretário-geral do organismo.
Os 2946 deputados à Assembleia Popular Nacional votaram ainda favoravelmente uma lista com os nomes de 25 ministros, o governador do Banco Popular da China e o auditor geral do Gabinete Nacional de Auditoria.
Sem surpresas, o órgão legislativo concordou com a ascensão política do até agora responsável pela polícia, Meng Jianzhu, e carimbou a nomeação de um novo ministro da Defesa, Liang Guanglie, que acumula a pasta com a tarefa de conselheiro de Estado. Com carreira militar e patente de general, Liang é o novo responsável por matérias sensíveis como a manutenção da paz no Estreito de Taiwan.
Sem razões para espanto foi também a nomeação de Li Keqiang para vice-primeiro-ministro. O “protegido” do Presidente Hu Jintao fica, deste modo, estrategicamente colocado para suceder a Wen Jiabao, quando o primeiro-ministro abandonar as suas funções, em 2013. Tanto Hu como Wen foram reconduzidos nos cargos por mais cinco anos durante o passado fim-de-semana.
De acordo com a agência noticiosa oficial chinesa, a reunião, que decorreu ontem à tarde, serviu ainda para decidir da composição dos comités especiais para o 11º Congresso Popular Nacional, além do Comité de Finanças e Economia, que tinha sido já aprovado no início da sessão anual da APN, que decorre em Pequim.
O plenário de escolha dos membros do Conselho de Estado é um acto que tem uma dimensão sobretudo cerimonial, uma vez que os nomes são designados pelo primeiro-ministro. Embora a votação seja secreta, não há candidatos à escolha e todos os nomeados receberam apoio unânime. Quase todos os ministros viram os seus mandatos renovados, algo que era já esperado depois do 17º Congresso Nacional do Partido Comunista Chinês, que decorreu em Outubro passado, momento durante o qual é possível perceber a forma como a liderança se vai processar.
Li Keqiang, o promissor

Nascido em 1955 na Província de Anhui, Li Keqiang é visto como um dos mais proeminentes políticos chineses. Os analistas da política da China entendem que será o sucessor do primeiro-ministro Wen Jiabao, tese que ganha força com a nomeação para a vice-presidência. É o momento de ascensão deste membro do Partido Comunista da China, que conta com 32 anos de filiação.
Licenciado pela Escola de Economia da Universidade de Pequim, Li tirou um mestrado e o doutoramento em Economia, tendo ainda feito uma pós-graduação em Educação. Membro do Comité Permanente do Gabinete Político do Comité Central do PCC, encontra-se no topo da carreira política, ao integrar o Grupo de Líderes do Partido, do qual é, aliás, vice-secretário.
Li Keqiang começou a sua actividade política em 1976, ano em que entrou para a Brigada de Damiao, na Comuna de Damiao, na província de onde é natural. Em 1978, partiu para a capital chinesa, onde começou por estudar Direito, tendo sido, até 1982, um dos líderes da União de Estudantes da Universidade de Pequim. No ano seguinte, torna-se secretário do comité da instituição académica da Liga da Juventude Comunista da China.
Com um percurso académico fortemente ligado ao PCC, Li sai da capital em 1998 para desempenhar as funções de vice-secretário do Comité do Partido em Henan, província onde desempenhou as funções de governador interino durante um ano. Em 1999, foi nomeado governador, cargo que ocupou até 2003, tendo ainda sido designado para liderar o partido na província.
Em 2005, passou a ser secretário do PCC no Comité Provincial de Liaoning, bem como presidente do Comité Permanente da província no Congresso Popular Nacional. Em 2007, foi escolhido para o Politburo.
Wang Qishan, o intelectual

De todos os vice-primeiros-ministros, Wang Qishan é aquele que tem um percurso mais curto no Partido Comunista Chinês, no qual se filiou em 1983. Antigo presidente do município de Pequim, aos sessenta anos ocupa o lugar deixado vago pela pragmática Wu Yi, a quem chamaram a “Dama de Ferro” da China.
Com formação universitária em História e Economia, a primeira nota biográfica de Wang dá conta da sua presença nos campos de Shaanxi, onde executou trabalho manual, entre 1969 e 1971, à semelhança de outros jovens da sua geração. Em 1971, teve o seu primeiro emprego de carácter intelectual, no Museu Provincial de Shaanxi, a sua terra natal. Alguns anos mais tarde, voltou ao núcleo museológico, desta feita já detentor de um diploma universitário.
Em 1979, passou a ser investigador do Instituto de História Moderna da Academia Chinesa de Ciências Sociais. Depois da entrada no Partido, continuou a fazer investigação, principalmente na área do desenvolvimento rural. No final da década de 1980, foi escolhido para desempenhar as funções de director do Centro de Pesquisa do Instituto para o Desenvolvimento Rural, um gabinete sob a alçada do Conselho de Estado. Pouco tempo depois, começou a conciliar estas funções com as de vice-governador do Banco Popular da China, sendo que em 1994 passou a ocupar o principal cargo da entidade bancária.
Em 1997, foi nomeado membro do Comité Permanente do Partido Comunista Chinês na província de Guangdong. Em 2000, chegou a vice-governador da província vizinha de Macau, ano em que foi designado director do Gabiente para a Reestruturação da Economia.
Depois de uma passagem por Hainão, vai para Pequim, tornando-se presidente do município em 2004, cargo que ocupou até ao ano passado. É o presidente executivo da Comissão Organizadora dos Jogos Olímpicos de Pequim 2008 e integra, desde 2007, o Politburo, o grupo de líderes políticos da China.
Hui Liangyu, ligado à terra

Hui Liangyu nasceu na província de Jilin em Outubro de 1944 e tem uma carreira longa ao serviço do Partido Comunista Chinês (PCC), onde se filiou em 1966. Com formação na área da economia, é membro do Comité Permanente do Gabinete Político do Comité Central do PCC e pertence ao Grupo de Líderes do Partido.
O início da vida política de Hui coincidiu com a sua vida académica universitária, que decorreu na província onde nasceu. Em 1968, foi enviado para executar trabalho manual em Yushu, interrompendo as suas funções no Gabinete de Supervisão dos Recursos Humanos e Agrícolas de Jilin. O trabalho manual só durou um ano: em 1969 foi nomeado secretário do departamento político e presidente do gabinete geral do Comité Revolucionário de Yushu, cargo que ocupou durante três anos.
A sua ascensão no PCC começou em 1972, ainda em Yushu, onde veio a ser, três anos depois, vice-secretário do Comité local do Partido. Com trabalho realizado sobretudo na área da gestão agrícola e sem nunca abandonar a província onde nasceu, passou por diversas funções antes de ser nomeado, em 1987, vice-governador de Jilin.
Com o início da década de 1990, foram-lhe destinadas novas funções. Foi designado vice-presidente do Gabinete de Pesquisa de Política, um organismo do Comité Central do Partido Comunista Chinês.
Em 1992, abandonou Jilin e foi colocado pelo PCC em Hubei. Dois anos volvidos, deu-se uma nova mudança, ao ser escolhido para vice-secretário do Comité Provincial de Anhui do PCC. Em 1998, passou a ser o líder do partido nesta província chinesa. Em 1999, com as mesmas funções, muda-se para Jiangsu.
Foi em 2002 que chegou a membro do Politburo. No ano seguinte, foi escolhido por Wen Jiabao para integrar o Conselho de Estado, na qualidade de vice-primeiro-ministro, cargo que vai continuar a desempenhar ao longo de mais cinco anos.
Zhang Dejiang, o político que fala coreano

Natural da província de Liaoning, Zhang Dejiang tem 62 anos e pertence aos quadros do Partido Comunista Chinês (PCC) há 37. Licenciado em Economia, estudou na Coreia do Norte no início da década de 1980. Quando partiu para a Universidade Kim Il Sung, já falava coreano com fluência.
Membro do Politburo desde 2002, conhece bem o Sul da China e a província de Guangdong. No entanto, foi em Jilin que começou a sua carreira política, ao se juntar ao Comité Revolucionário local, corria o ano de 1970. Foi nesta província chinesa que desempenhou as primeiras funções de responsabilidade dentro do PCC, tendo sido secretário da representação local da Juventude Comunista.
Em 1972, dedicou-se ao estudo do coreano na Universidade de Yanbin, ainda em Jilin. Alguns anos depois, ainda durante a década de 1970, foi nomeado vice-secretário do Partido no Departamento de Coreano da Universidade e passou a ser o vice-presidente do Comité Revolucionário local. Em 1978, partiu então para a Coreia do Norte, onde estudou Economia durante dois anos, período durante o qual foi o elemento de ligação dos estudantes chineses radicados no país ao PCC.
De regresso à China, Zhang Dejiang subiu na carreira política, ao integrar o comité permanente do Comité do Partido, e na vida académica, com a nomeação para vice-reitor da Universidade de Yanbian. O político continuou na cidade da província de Jilin, tendo feito o percurso tradicional de ascensão, até chegar, em 1995, aos cargos de líder do PCC na província e presidente do Comité Permanente de Jilin no Congresso Popular Nacional.
Em 1998, mudou de província, ao deslocar-se para Zhejiang, onde continuou a desempenhar funções de topo no PCC, ao nível provincial. Em 2002, deu-se o momento que determinou a mudança na carreira: foi escolhido para o Politburo, cargo que acumulou com o de secretário do Comité do Partido na província de Guangdong, até ao ano passado.
Em Outubro passado, viu renovada a confiança política que o PCC lhe deposita, ao permanecer no grupo mais influente da China. Agora, chegou ao Conselho de Estado.
Isabel Castro,
com agências

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